32- Chá e calmaria

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O dia após a festa era domingo, tínhamos ido à igreja pela manhã e depois do almoço nos sentamos na sala para conversar.

Lá pelo meio da tarde meus pais e irmão nos deixaram para cumprir suas atividades.

Eu e Samuel estávamos intercalando nossa atenção entre o livro que lhe emprestara mais cedo, com assuntos relevantes para nossa missão, e a conversa de Tulip, Johanna e Trícia sobre o tema da pregação do culto.

Uma chuva fraca, porém constante, caía à algumas horas produzindo um clima agradável. Era uma tarde tranquila e eu gostava da calmaria daquele momento.

— Isso pode nos ajudar. — Sam apontou para um parágrafo me entregando o livro para que checasse.

— Tem razão, anota essas informações. — Devolvi o livro para ele após a leitura.

O observava enquanto transcrevia as partes importantes e nem percebi o olhar das três mulheres sobre nós.

— O que vocês estão tramando? — Tulip cruzou os braços nos analisando com curiosidade.

Tínhamos decido contar a elas apenas quando tudo estivesse confirmado, não queríamos, especialmente da minha parte, criar esperanças para depois frustrá-las.

— É uma coisa nossa. — Sorri sem jeito com os olhares inquisitivos delas, não queria mentir e nem contar, então dei uma resposta vaga.

— Tenho a leve impressão que não é a primeira vez que isso acontece. — A moça arqueou uma sobrancelha sugestiva. --- Parece natural para vocês criar segredos entre os dois.

Abri a boca, mas fechei novamente, sem saber o que dizer.

— É falta de educação ser tão curiosa, irmã. — Sam tomou as rédeas da situação. — E você é meio exagerada, não é?

— Eu só digo o que vejo, irmão. — Deu de ombros com um sorriso provocativo para Sam. — Mas é, estou fadada a ser chamada de exagerada até verem que tenho razão.

— Razão sobre o que? — Trícia fez uma careta confusa com aquele diálogo.

Tulip estava pronta para responder, mas sua mãe resolveu intervir naquela pequena discussão.

— Querida, acho que você está criando uma tempestade em copo d'água. — A repreendeu com o olhar. — O Sam e a Yuna devem ter seus assuntos, não vamos ser intrometidas.

A moça se calou, apesar de claramente continuar firme em sua convicção. Balancei a cabeça afastando minhas paranóias sobre o real significado das suas palavras e voltei a prestar atenção ao assunto realmente relevante ali.

Em poucos minutos tudo ficou normal de novo, como se aquela conversa estranha nunca tivesse acontecido.

— O que vocês acham de um cházinho? — Johanna sugeriu depois um tempo.

— Ai, faz tanto tempo que não tomo seu chá. — Sorri animada aceitando a sugestão de bom grado.

— Vamos comigo? Acho que ainda não conheço a cozinha daqui. — Soltou uma leve risada.

— Claro — concordei levantando e sendo seguida por ela.

Alguns corredores depois, chegamos em frente à porta da cozinha, o barulho de vozes e utensílios de cozinha era ouvido do corredor.

— Vou autorizá-los a te dar tudo que precisa e já vou indo, não se preocupe com seu segredo — gracejei levantando a mão para bater na porta.

— Espera. — Tocou meu braço me impedindo de concluir a ação. — Quero que fique lá comigo.

— Mas...

Graça, margaridas e cháOnde histórias criam vida. Descubra agora