A manhã foi agitada. Acordamos cedo e já fomos para o local que ocorreria o casamento, a fazenda do irmão de Augusto, e começamos a preparar as comidas que seriam servidas na recepção, algumas coisas já haviam começado a ser organizadas no dia anterior, mas ainda tinha muito a se fazer.
As mulheres da tarde anterior foram chegando aos poucos para nos ajudar e com os pares de mãos extras logo tudo foi terminado e passamos para a próxima fase: arrumar a noiva.
O quarto estava abarrotado, ainda que as mães tenham voltado para casa afim de arrumar seus filhos, e a mesma atmosfera barulhenta, contudo aconchegante, estava no ar.
— Acho que precisamos de mais flores — Sophia, a moça que estava penteando Tuly informou enquanto suas mãos ágeis trançavam as longas madeixas.
— Eu pego! — me ofereci já levantando.
Segui para o quintal da casa e colhi algumas flores pequenas que compunham o jardim.
Foi impossível não sorrir ao admirar as margaridas azuis presentes ali. Ainda me lembrava com clareza do dia em que Tulip me salvou da punição da minha mãe com aquele mesmo tipo de flor, levada pela nostalgia, peguei algumas também e voltei para o quarto.
— Você está tão linda! — Apoiei as mãos embaixo do queixo admirando minha amiga.
— Linda e nervosa — ela respondeu com a voz trêmula.
— Vai dar tudo certo, Tuly, você vai ver. — Alicia apertou a mão dela com um sorriso tranquilizador.
— Isso mesmo, só relaxa e pensa que daqui a algumas horas será uma senhora casada. — Dayse deu risada.
— Esse é o motivo do meu nervosismo. — Tampou o rosto com as mãos e depois as levou de volta ao colo. — Mas, pensando bem, também é um alívio. Estou confusa agora.
— Só não pensa muito, você vai ver como tudo ocorre de forma natural e esse nervosismo todo é desnecessário — Dona Johanna pontuou sabiamente.
— E acabei! — Sophia prendeu a última flor na trança de Tulip e deu um passo para trás, levantando um espelho para que ela visse seu penteado.
— Eu amei! — Tocou levemente no cabelo. — Está do jeitinho que imaginei, obrigada, Soph.
— Por nada. — Deu um beijo na bochecha dela e acenou para nós. — Preciso ir agora, ainda tenho que me arrumar.
As outras moças concordaram com ela e foram embora depois de se despedir de nós três.
Johanna e eu ajudamos Tulip a colocar seu vestido branco, uma peça cheia de detalhes em renda e mangas que se abriam um pouco ao chegar no pulso, e depois nos arrumamos também.
— Tenho uma coisa para você, filha, vou pegar e já volto. — A mulher saiu do quarto, nos deixando sozinhas.
— Nem tivemos muito tempo para conversar, Yuna. — Tulip segurou minha mão e me guiou até a cama. — Como foi a vinda até aqui?
— Tranquila. — Dei de ombros. — Na verdade, foi bem silenciosa.
— Sério? — Arqueou uma sobrancelha.
— Sim — franzi a testa a olhando interrogativa —, seu irmão está bem?
— Está, quer dizer, mais ou menos. — Sorriu torto. — Não é que esteja acontecendo algo ruim, ele só está bem pensativo nos últimos dias.
— Pensativo até demais. — Dei uma risada baixa.
— Voltei — Johanna se sentou ao nosso lado com uma caixa de jóias em mãos.
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Graça, margaridas e chá
SpiritualSérie Redenção: Livro 1 Eleanor Yuna nunca imaginou que atravessar um rio pudesse mudar o rumo de sua vida. A princesa não almejava de jeito algum ser o centro das atenções ou ter que tomar decisões importantes. Estar nas sombras era bem mais confo...