2- Seja você mesma

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Coloquei uma roupa confortável e fui encontrar minha mãe no estábulo.

O dia havia amanhecido muito bonito, o céu cheio de nuvens deixava o clima bastante agradável e aumentava meu ânimo para sair explorando meu reino. Havia decidido que se eu tinha que cumprir aquele desafio, o cumpriria com a menor quantidade possível de murmurações.

— Aí está você! — Minha mãe veio em minha direção com uma expressão de animação bem evidente.

— Aqui estou eu. — rebati forçando meu melhor sorriso.

— Nem estou acreditando que você vai mesmo fazer isso, Ellen. — Nathan, meu irmão, surgiu atrás dela, junto ao meu pai, e fez questão de dizer. — É um dia histórico, vai para os registros.

— Que engraçado, Nate, você deveria renunciar o trono e viver como bobo da côrte — respondi irônica.

— Certo, parem os dois — meu pai interviu com seu tom autoritário. — Espero que tenha um bom dia, filha, e que se divirta muito.

— Obrigada, pai — agradeci e me virei para minha mãe afim de brincar com ela. — E lá vou eu, não é? Cumprir meu castigo mesmo sendo inocente.

— Corrigindo, e lá vai você, rumo a um dia muito divertido e que vai me render muitos agradecimentos. — Ela sorriu me empurrando em direção a Estrela, minha égua que já esperava pacientemente. — Toma, pedi para fazerem um lanchinho para mais tarde.

— Muito obrigada. — Peguei a bolsa que ela me estendia.

— Agora é hora de ir, sem enrolação.

— Tudo bem. — Suspirei e voltei a olhar para o animal que fazia um tempo que não montava. Resolvi fazer um carinho no seu pelo amarelado, só por via das dúvidas. — Oi, Estrelinha, espero que ainda goste de mim e não pense em me derrubar.

Subo nela sem muita dificuldade, pelo visto ela ainda era muito tranquila. Acenei para minha família enquanto começava a me mover divagar e atravessei os portões do castelo sendo seguida por Joe.

Eu me sentia um pouco temerosa em cumprir o que minha mãe havia me desafiado, mas ao sentir o vento balançar meus cabelos e acariciar meu rosto enquanto ganhava velocidade o temor foi sumindo, dando lugar ao que parecia adrenalina.

Provaria para todos que eu podia até ser muito caseira e reservada, mas que quando queria poderia fazer coisas surpreendentes.

Começando por aquele simples desafio.

☆☆☆

Minha mãe estava certa quando me disse naquela manhã que não havia uma casa sequer no caminho até a floresta. Salun começava a partir do castelo, e a sensação era que este tinha um quintal enorme, me perguntava o porque de não haver nada naqueles tantos quilômetros de planície.

— A senhorita não tinha que levar algumas flores para sua mãe? É bom começar a recolhê-la. — A voz grave do guarda me tirou do meu momento contemplativo.

— Verdade, Joe — respondi puxando as rédeas da Estrela.

Meus pés logo tocaram o chão e senti minhas botas afundarem na grama úmida. Corri os olhos pelo espaço verde que se estendia por todas as direções e examinei as opções.

— Eu poderia arrancar qualquer uma e levar, mas tentarei fazer as melhores escolhas. Serei exigente — comentei enquanto me abaixava para olhar mais de perto cada uma das delicadas flores que surgiam hora ou outra.

— Pelo visto quer provar alguma coisa a alguém — pontuou e o encarei.

— Sim, quero provar a todos que eles estão errados sobre mim, eu sou bem capaz de fazer uma coisinha simples assim e muitas outras que eles nem imaginam.

Graça, margaridas e cháOnde histórias criam vida. Descubra agora