— Não entendo o porquê de precisarmos de uma aula para nos ensinar a comer — Samuel comentou achando graça enquanto seguíamos para o salão de refeições.
Meu irmão, Tulip e Johanna caminhavam um pouco a nossa frente, Sam e eu éramos os mais lentos do grupo.
— Quando chegar a hora você entenderá — respondi me fazendo de misteriosa. — Meus pais até almoçaram antes para dar mais liberdade para Nate e eu ensinarmos o necessário a vocês.
O observei resmungar alguma coisa incompreensível.
— O que foi? Está tão incomodado assim com a aula?
— Não é isso, é que... — procurou a forma correta de se expressar. — Deixa para lá, é uma coisa boba.
— Agora você atiçou minha curiosidade, não pode fazer isso. — Cruzei os braços o olhando fixamente.
— Não leve a mal, só desconfio que seu irmão não gosta muito de mim — respondeu baixo.
— Ah não! O que aconteceu? — Dei um passo para trás, interrompendo meu caminhar.
— Uma conversa estranha que tivemos mais cedo. — Parou de andar também. — Não sei se ele acredita que eu ofereço algum risco para você, se está com ciúmes ou se pensa haver...
— Haver o que? — Franzi a testa com sua interrupção.
— Como eu disse, é uma coisa boba. Ele só deve ser super protetor ou algo do tipo, esquece essa conversa. — Voltou a andar e eu o segui ainda cheia de teorias sobre aquela revelação.
— Bom, mesmo assim, não se preocupe com o Nate, logo ele ultrapassa essa desconfiança de início e você vai ver como ele é simpático. — Assim que acabei de falar não consegui evitar a risada.
— Qual a graça? — Estranhou minha atitude.
— Vocês dois são iguais! Lembra como foi rude comigo no primeiro contato? — Arqueei uma sobrancelha.
— É, eu lembro. — Sorriu sem jeito. — E no meu caso realmente foi o instinto de proteção, tive receio que você fosse uma ameaça à Tulip e minha mãe.
— E agora somos bons amigos. — Dei um sorriso evitando olhar diretamente para ele.
— Tem razão — concordou e ficamos em silêncio até chegarmos a sala.
A grande mesa no centro do cômodo estava arrumada e ouvi as exclamações de surpresa dos meus amigos.
— Certo, isso é realmente assustador — O rapaz ao meu lado comentou.
— São muitos talheres, Yuna! — Tulip se virou em minha direção. — O que fazemos com tudo isso?
— E eu achando que uma colher, uma faca e um garfo eram o bastante. — Dona Johanna balançou a cabeça, mas parecia animada para aprender. — Vamos lá então.
— Com calma vocês vão aprender rapidinho. — Indiquei os lugares para se sentarem e fiz o mesmo. — É o seguinte, os talheres são usados de fora para dentro.
Expliquei qual era cada um, apenas para não restar dúvidas. Depois indiquei os copos e qual a função de cada um.
— Acho que eles irão entender melhor na prática, Ellen — Nathan interviu.
— Tudo bem. — Esperei que o primeiro prato fosse servido. — Ah, o guardanapo.
— Essa é fácil, Yuna. — Sam sorriu pegando o objeto sobre a mesa. — É só pegar e fazer assim...
O observei colocar o guardanapo na gola da camisa e em segundos o ambiente foi preenchido por nossas risadas.
— Um babador, muito útil! — Nathan zombou e abriu o seu próprio guardanapo na nossa frente. — O certo é colocar sobre o colo.
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Graça, margaridas e chá
SpiritualSérie Redenção: Livro 1 Eleanor Yuna nunca imaginou que atravessar um rio pudesse mudar o rumo de sua vida. A princesa não almejava de jeito algum ser o centro das atenções ou ter que tomar decisões importantes. Estar nas sombras era bem mais confo...