44- Guardas

462 126 87
                                    

Despertei naquela manhã com o som de batidas na porta, levantei em um sobressalto, o que me fez voltar a sentar na cama de imediato colocando a mão na cabeça pela tontura.

— Eleanor? — a voz de Trícia foi um alívio para meu coração assustado.

— Oi — resmunguei me arrastando para fora da cama.

Empurrei o móvel que bloqueava a porta e liberei a passagem da moça.

— Trocaram a fechadura e eu não soube? — Devolveu a chave para um bolso no seu vestido e me encarou curiosa.

— Não — voltei à segurança da minha cama —, tinha algo atrás da porta, impedindo sua entrada.

— Estava querendo dormir por mais tempo? — Ela riu abrindo as cortinas e fazendo o quarto ser inundado pela luz do sol.

— Não foi bem isso. — Senti o medo causado pela lembrança da noite interior invadir minha mente.

— Ei, tudo bem? — Se aproximou da cama. — Está com uma carinha assustada.

— Trícia, alguém tentou invadir meu quarto ontem — contei vendo-a arregalar os olhos. — Não sei quem ou porque, mas aconteceu.

— Princesa, tem guardas por todo canto do palácio, acha que ninguém notaria isso?

— Então me explica o que aconteceu, se fosse alguma emergência alguém me chamaria, porém tudo que ouvi foram passos e a fechadura sendo forçada. — Apertei as mãos nervosa. — Não tenho tempo para pensar nisso, preciso ir à...

Me interrompi percebendo que iria falar demais.

— Ir aonde? — Franziu a testa confusa.

— Resolver um problema.

— Achei que não iria sair do lado do seu irmão por nada. — Sorriu fraco me lembrando do que tinha comentado com ela.

— É um sacrifício necessário, cuide dele enquanto não volto. — Levantei seguindo até o banheiro. — Separa minha roupa de montaria, por favor.

Fechei a porta do cômodo e respirei fundo, não podia perder o foco logo naquele dia, tinha algo importante para fazer.

Entreguei minhas preocupações ao Senhor em oração e segui em frente, mesmo com medo eu possuía a confiança de que tudo estava no controle de Deus, se deixasse meu coração vencer tudo estaria perdido.

Após me arrumar tomei um café da manhã rápido e fui me despedir de Nathan.

— Se estivesse acordado tenho certeza que chamaria minha idéia de imprudente. — Sorri segurando sua mão. — É, talvez seja loucura, mas eu preciso fazer isso. Tem tanta coisa em jogo, queria poder ouvir seus conselhos ou contar com sua companhia, contudo parece que sou apenas eu dessa vez, bom, eu e Deus.

Cessei meu monólogo quando senti uma pressão em minhas mãos.

— Nate? — chamei sem conseguir decifrar se foi uma impressão ou se ele realmente tinha apertado minha mão.

— Ellen? — sua voz soou rouca e incerta. Aos poucos seus olhos foram se abrindo.

— Sou eu — respondi sentindo meus olhos lacrimejarem. — Meu Deus, muito obrigada!

— O que aconteceu? — Seus olhos correram ao redor do cômodo meio escuro pelas cortinas fechadas.

— Um atentado, acabaram te machucando, mas vai ficar tudo bem. — Comprimi os lábios sentindo o alívio invadir meu ser.

— Droga — ele murmurou levando a mão ao rosto. — Acho que a dor está ativando minha memória.

— Eu vou chamar a enfermeira, ela ainda deve estar tomando café. — Ameacei me levantar, mas ele segurou meu pulso. — O que foi?

Graça, margaridas e cháOnde histórias criam vida. Descubra agora