36- Petulância

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O dia de apresentar nossa proposta para o rei havia chegado e com ele todo o nervosismo padrão para situações tão importantes quanto aquela.

A preparação do dia anterior tinha sido a seguinte: Pela manhã Samuel e eu nos reunimos para definir todo o roteiro do que diríamos na reunião, isso com ajuda de Nathan, a qual foi indispensável para que conseguíssemos fazer algo que prendesse a atenção do Conselho.

Antes do almoço contamos nosso plano para Tulip e Johanna, obviamente elas reclamaram por termos mantido tudo em segredo, mas no fim nos perdoaram e compartilhamos as idéias com elas.

Já à tarde precisei deixar Sam e Nate trabalhando sozinhos, depois de certa hesitação da minha parte, pois já tinha um compromisso marcado.

Sendo assim passei a tarde com minha mãe, Johanna e Tulip em uma reunião com representantes de projetos sociais do reino. A presença das duas hóspedes foi muito proveitosa, elas também faziam serviços sociais em Cristyn e nos deram muitas idéias.

De noite voltei à companhia dos meus parceiros e finalizamos a apresentação.

A manhã do grande dia começou em grande estilo, para não dizer ao contrário.

— Tem que estar aqui em algum lugar. — Coloquei as mãos na cintura. — Os garotos vão ficar uma fera comigo.

Abri um livro que estava sobre a mesa de cabeça e o sacudi na vã esperança de achar as folhas com as anotações para a apresentação.

— Yuna? — Ouvi batidas na porta aberta, seguidas pela voz de Tulip.

— Oi! Preciso da sua ajuda. — A olhei demonstrando meu leve desespero. — Perdi as anotações que vamos, ou iríamos, usar na reunião.

— Yuna! — Se aproximou nervosa. — Onde você as viu pela última vez?

— Tenho quase certeza que dentro de algum livro, só não lembro qual.

Fizemos uma inspeção geral pelo quarto. Olhamos nas gavetas, debaixo da cama e em todos os livros que achamos, porém nem sinal dos papéis.

— Cansei. — A moça deixou o corpo cair sobre minha cama, de forma dramática.

— Que exagero. — Dei risada me sentando ao seu lado. — Ai, Tuly, eu estou encrencada!

— Calma, vamos achar, caso contrário, escrevemos um novo. — Se ergueu, sentando na cama.

— Não sei se dá tempo, tampouco se lembramos de tudo que está no original. — Balancei a cabeça. — Eu jurava que estava aqui, não é possível ter sumido do nada.

— Será que... — Seus olhos se arregalaram com o próprio pensamento.

— Que... — a incentivei a completar sua fala.

— Será que alguém sabotou vocês roubando os papéis?

— Que idéia, Tulip. — Neguei com um gesto de cabeça. — Quem faria isso?

— Pessoas maldosas. — Deu de ombros firme em sua opinião.

— Ninguém sabia disso até agora de manhã, quando falamos com nosso pai — argumentei.

— É, talvez eu esteja muito imaginativa. — Soltou uma risadinha que me dizia que a hipótese não tinha abandonado completamente seu cérebro. — Mas o que faremos agora?

— Vou precisar recorrer ao resto da equipe. — Sorri sem ânimo. — Estou torcendo para essa ser uma daquelas vezes em que eu transformo as situações em algo pior do que elas são de verdade.

Graça, margaridas e cháOnde histórias criam vida. Descubra agora