8- Boas companhias fazem um bom chá

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Fazer aquele percurso de pedras sobre a água já estava quase se tornando natural.

Quando pisei no território de Cristyn fui recebida pela alegria costumeira de Tulip.

— Yuna! — Me cumprimentou com um abraço. — Já estava pensando que você tinha desistido.

— Tive um pequeno imprevisto. — comecei a explicar enquanto caminhávamos pela floresta. — Minha mãe solicitou minha ajuda para resolver algumas coisas do meu aniversário, e olha que ainda faltam alguns meses, mas a rainha Mina gosta de começar preparativos com uma antecedência exagerada.

— Preparar o aniversário de uma princesa não deve ser uma tarefa fácil. Imagino que devam haver milhares de coisas para pensar, cores, sabores de infinitos doces e aperitivos minúsculos...

— Calma, não é bem assim —  interrompi rindo da sua idéia. —  Tem várias coisas para pensar, como qualquer outra festa no mundo, além de que temos muita ajuda com cada detalhe. Normalmente eu só dou umas opiniões aqui e ali, a minha maior função é estar lá na hora marcada e ficar conversando com os convidados.

— Acabou de estragar minhas ilusões, parece que vida de princesa é um pouco entediante.

— Vejamos, tenho que comparecer a uma porção de compromissos que em sua maioria são bem chatos, não posso fazer nada de inadequado, manter a pose em qualquer circunstância, não posso andar sozinha por aí... — Contei nos dedos enquanto falava. — Sim, entediante é uma palavra excelente para descrever meu título.

— Nossa, pensava que era mais legal, não sei, de fora parece bem melhor — comentou pensativa.

— Está bem, eu não posso te deixar achando que minha vida é uma droga. Tem lados bons também, ser da realeza te dá a oportunidade de viver coisas que os outros não vivem, podemos ajudar as pessoas e sem falar no fato de ser uma posição muito confortável — terminei de falar no mesmo momento que chegamos a sua casa.

— Me sinto melhor por você agora — a garota respondeu com um sorriso.

Graças ao meu atraso fomos as últimas a chegar, sendo assim, três pares de olhos se voltaram para nós assim que cruzamos a porta.

"Que ótimo!" — pensei de forma irônica.

— Yuna, essas são Mariane, Alícia e Dayse, minhas irmãs em Cristo.  — Apontou para as três moças de cabelos cacheados, as quais no início pensei serem irmãs de sangue pela semelhança.

As mulheres me receberam com a mesma simpatia de Tulip e foram super gentis fazendo várias perguntas afim de me conhecerem melhor.

— Vejo que já estão se dando bem. — A mãe de Tulip apareceu na sala com uma bandeja repleta com xícaras, um bule, e um prato com biscoitos.

— Isso aí é seu fabuloso chá secreto? — Alícia perguntou esfregando uma mão na outra.

— Olha a educação, menina — Mariane, que parecia ser a mais velha do grupo, a repreendeu em cochichos.

— Que isso, Mari, a gente é da casa, não é, tia Hanna? — Dayse sorriu se levantando para ajudar a mulher a servir o chá.

— Exatamente, são minhas filhas emprestadas!

— Olha lá, hein — Tulip comentou com ciúmes nos fazendo rir.

Fiquei apenas a observar a interação daquelas mulheres, o jeito como conversavam era leve e quase sempre vinha acompanhado de um sorriso.

Me perguntava quantas vezes estive em uma situação como aquela, em uma atmosfera de companheirismo e amizade, simplesmente numa boa conversa, sem precisar manter as aparências, apenas sendo espontânea.

Graça, margaridas e cháOnde histórias criam vida. Descubra agora