15- Pureza e leveza

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A manhã de sábado chegou e eu não me sentia como esperava.

Permaneci no quarto mesmo depois de ser chamada para o café da manhã e fiquei lá sem ser aborrecida até o meio dia.

— Eleanor? Está tudo bem? — A voz do meu pai fez eu me mexer na cama, diante da minha falta de resposta ele continuou. — Posso entrar?

— Pode — permiti me sentando na cama.

— Se sente mal? Posso chamar o médico... — sugeriu parando ao lado da cama.

— Só um pouco indisposta, não se preocupe.

Ele analisou meu rosto com os olhos tentando se certificar da veracidade de minhas palavras.

— Verdade? — insistiu.

— Por que mentiria? — respondi com outra pergunta.

— Não faço idéia, mas sei que está fazendo isso.

Parei de olhar para ele, meu pai era bom demais em ler as pessoas, o que sempre era péssimo para qualquer um, esconder algo dele requeria esforço se ele pudesse lhe olhar.

— Vamos almoçar? — chamou vendo que tinha acertado na suposição.

Refleti um pouco, eu tinha prometido a Tulip que iria ao festival, se não saísse daquela cama nunca iriam me deixar sair de casa logo mais.

— Tudo bem — aceitei forçando um sorriso. — Vou me arrumar e já apareço.

Ele sorriu e concordou, me deixando sozinha de novo.

Vesti uma roupa melhor e me esforcei para parecer mais animada.

Os olhos de toda a minha família se voltaram para mim quando me sentei à mesa. Precisei ficar explicando que já estava bem e com o máximo de ânimo possível, era horrível fingir, mas eu não tinha outra opção.

Fiz igual esforço para interagir normalmente durante a refeição, refletindo bem, lidar com aquela situação não era tão difícil para mim e, possivelmente, para todas as pessoas a minha volta.

Eu me sentia treinada para esconder sentimentos, porquê, de fato, eu era.

Algumas lembranças de dias não tão bons e nos quais meus sentimentos precisaram ser mascarados vieram a minha mente, como se eu já não estivesse chateada o bastante.

— Acredito que não vai fazer seu passeio de costume, certo? — minha mãe perguntou.

— Vou sim. Mais do que nunca preciso espairecer.

— Posso acompanhá-la — Nate se ofereceu gentilmente.

— Prefiro ir sozinha, mas obrigada.

Eles não tentaram insistir e eu agradeci por isso, não me sentia com nem um pouco de vontade de debater nada.

Assim que estava descansada do almoço, chamei alguém para me arrumar e me fazer parecer menos doente, o que não foi tarefa fácil já que meu interior se refletia claramente em minha face.

"Era para ser um dia bom" — lamentei olhando minha aparência no espelho.

Peguei minha querida Estrela no estábulo e fui recebida pelo dócil animal com a mesma tranquilidade de sempre.

— Tenha um bom passeio, filha — minha mãe desejou com um sorriso carinhoso.

— Vou ter. — Usei toda minha forçar de vontade para acreditar naquilo.

Sem prolongar mais a despedida, subi na égua e parti.

O dia estava lindo, algumas grandes nuvens brancas cobriam o sol e deixavam o clima agradável. Assim que adentrei a floresta me percebi mais calma, fruto de todas as palavras positivas que disse para mim mesma durante o percurso.

Graça, margaridas e cháOnde histórias criam vida. Descubra agora