A manhã de sábado chegou e eu não me sentia como esperava.
Permaneci no quarto mesmo depois de ser chamada para o café da manhã e fiquei lá sem ser aborrecida até o meio dia.
— Eleanor? Está tudo bem? — A voz do meu pai fez eu me mexer na cama, diante da minha falta de resposta ele continuou. — Posso entrar?
— Pode — permiti me sentando na cama.
— Se sente mal? Posso chamar o médico... — sugeriu parando ao lado da cama.
— Só um pouco indisposta, não se preocupe.
Ele analisou meu rosto com os olhos tentando se certificar da veracidade de minhas palavras.
— Verdade? — insistiu.
— Por que mentiria? — respondi com outra pergunta.
— Não faço idéia, mas sei que está fazendo isso.
Parei de olhar para ele, meu pai era bom demais em ler as pessoas, o que sempre era péssimo para qualquer um, esconder algo dele requeria esforço se ele pudesse lhe olhar.
— Vamos almoçar? — chamou vendo que tinha acertado na suposição.
Refleti um pouco, eu tinha prometido a Tulip que iria ao festival, se não saísse daquela cama nunca iriam me deixar sair de casa logo mais.
— Tudo bem — aceitei forçando um sorriso. — Vou me arrumar e já apareço.
Ele sorriu e concordou, me deixando sozinha de novo.
Vesti uma roupa melhor e me esforcei para parecer mais animada.
Os olhos de toda a minha família se voltaram para mim quando me sentei à mesa. Precisei ficar explicando que já estava bem e com o máximo de ânimo possível, era horrível fingir, mas eu não tinha outra opção.
Fiz igual esforço para interagir normalmente durante a refeição, refletindo bem, lidar com aquela situação não era tão difícil para mim e, possivelmente, para todas as pessoas a minha volta.
Eu me sentia treinada para esconder sentimentos, porquê, de fato, eu era.
Algumas lembranças de dias não tão bons e nos quais meus sentimentos precisaram ser mascarados vieram a minha mente, como se eu já não estivesse chateada o bastante.
— Acredito que não vai fazer seu passeio de costume, certo? — minha mãe perguntou.
— Vou sim. Mais do que nunca preciso espairecer.
— Posso acompanhá-la — Nate se ofereceu gentilmente.
— Prefiro ir sozinha, mas obrigada.
Eles não tentaram insistir e eu agradeci por isso, não me sentia com nem um pouco de vontade de debater nada.
Assim que estava descansada do almoço, chamei alguém para me arrumar e me fazer parecer menos doente, o que não foi tarefa fácil já que meu interior se refletia claramente em minha face.
"Era para ser um dia bom" — lamentei olhando minha aparência no espelho.
Peguei minha querida Estrela no estábulo e fui recebida pelo dócil animal com a mesma tranquilidade de sempre.
— Tenha um bom passeio, filha — minha mãe desejou com um sorriso carinhoso.
— Vou ter. — Usei toda minha forçar de vontade para acreditar naquilo.
Sem prolongar mais a despedida, subi na égua e parti.
O dia estava lindo, algumas grandes nuvens brancas cobriam o sol e deixavam o clima agradável. Assim que adentrei a floresta me percebi mais calma, fruto de todas as palavras positivas que disse para mim mesma durante o percurso.
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Graça, margaridas e chá
SpiritualSérie Redenção: Livro 1 Eleanor Yuna nunca imaginou que atravessar um rio pudesse mudar o rumo de sua vida. A princesa não almejava de jeito algum ser o centro das atenções ou ter que tomar decisões importantes. Estar nas sombras era bem mais confo...