Saí do quarto andando rapidamente sob a lembrança de meu pai me mandando descer rápido para sairmos antes de toda a casa acordar.
Adiantei os passos o máximo que pude, mas meus ouvidos captaram uma conversa interessante que parecia vir de perto, provavelmente no corredor que eu iria virar. Fui obrigada, pela minha curiosidade, a parar e ouvir.
— Eu não posso acreditar que o Frédéric realmente deu ouvidos às besteiras que sua filha e o amigo dela disseram naquela reunião, é muita falta de noção. — Reconheci a voz com clareza, era Patrick. — Imagine só, vivemos todo esse tempo bem, sem contato com Cristyn, por que mudar isso agora?
— Não podemos fazer nada, pai, ele é o rei, autoridade máxima nesse reino. — Também discerni a voz de Steve, que continuou a falar.
— Tem que haver uma forma de convencer o rei que é uma decisão ruim, mas não faço idéia do que fazer.
Revirei os olhos com aquela insistência dele em discordar do meu pai e da maioria dos membros do Conselho, cansada de ouvir aquela conversa, voltei a seguir meu caminho e eles fizeram uma referência ao notar minha presença. Sorri para os dois como se nada tivesse acontecido.
Desci as escadas e meu pai já me esperava. Pensei se contava sobre a conversa que ouvi a pouco, mas considerei que era irrelevante.
Saimos do castelo e eu montei na Estrela enquanto meu pai montou no seu cavalo, seguimos pelo campo em direção à floresta.
— Você está bem feliz por voltar lá, não é? — Ele perguntou certo momento.
— Mentiria se dissesse que não. — Sorri para ele.
— Tenho conhecimento que sua ida até lá não era tão necessária assim, sabia? — Arqueou uma sobrancelha.
— Como assim? — me fiz de desentendida.
— Seu amigo podia nos dar a resposta quando nos encontrássemos, isso foi só uma desculpa para que você voltasse lá. Só não entendi se tem algo mais que saudade nessa história.
Olhei para ele boquiaberta, não sabia dizer se por ele ter descoberto ou por ter me permitido ir mesmo assim.
— A Tulip se casa amanhã, queria estar lá e não pude perder a oportunidade. Fiz mal? — indaguei preocupada.
— Não, eu te entendo. — Elevou os lábios em um sorriso que me trouxe tranquilidade. — Mostra que é uma moça inteligente, acho que te criei bem e provavelmente você tenha herdado isso de mim.
— Como o senhor é convencido! — Dei risada e ele deu de ombros, rindo também. — Já descobri a quem o Nathan puxou.
— Esses são apenas os fatos, querida — fez graça. — Mas, se for para falar sério, é mais fácil que tenha puxado a inteligência da sua mãe, vocês duas se parecem em muitos aspectos.
— Sério? Quais, por exemplo? — Fiquei curiosa em saber as semelhanças com minha amada mãe.
— As duas são determinadas, gentis e corajosas. Admiro isso. — Ele sorriu para mim e eu retribui. — E, preciso reconhecer, todas essas qualidades se intensificaram depois que você virou cristã. Algo mudou nas suas convicções de uma forma que tem refletido na sua vida cotidiana, não esperava isso quando tocou no assunto pela primeira vez, só conseguia enxergar os males, que nem vieram.
— Deus transformou minha vida, fez de mim alguém melhor, de um modo que nunca imaginei ser, com uma paz e alegria que nunca esperei sentir. Não quero ser a antiga Yuna de novo, só anseio por me tornar mais parecida com Cristo, até Ele voltar ou me levar para Ele. — Respirei fundo sentindo como aquilo era verdade. — Pai, sabe que também pode ter isso, não é? Deus está acessível a todos que crêem em Seu Filho e se arrependem dos maus caminhos.
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Graça, margaridas e chá
SpiritualSérie Redenção: Livro 1 Eleanor Yuna nunca imaginou que atravessar um rio pudesse mudar o rumo de sua vida. A princesa não almejava de jeito algum ser o centro das atenções ou ter que tomar decisões importantes. Estar nas sombras era bem mais confo...