33- Benefícios irresistíveis

549 134 105
                                    

— Bom dia! — cumprimentei Sam no corredor. — Está animado para hoje?

Tínhamos decidido na noite anterior que eu levaria a família para conhecer a Praia do Descanso, lugar que Samuel mais queria conhecer.

— Ainda pergunta? Fiquei pensando nisso um bom tempo. — Sorriu cruzando os braços. — Só resta as atrasadinhas abrirem a porta para irmos tomar café.

— Está esperando há muito tempo? — Intercalei o olhar entre a porta do quarto das meninas e o rapaz a minha frente.

— Sim, minha mãe gritou um "já vou", mas até agora nada.

— Será que estão bem? — Franzi a testa me preparando para bater na porta de novo, mas a mesma se abriu antes.

— Tenho uma notícia ruim. — Dona Johanna fez uma careta. — A Tulip pegou um resfriado.

Como se para reforçar a fala da mãe, ouvimos uma série de espirros e alguns murmúrios vindos de dentro do cômodo.

— Misericórdia! — Coloquei as mãos na boca com pesar. — Não é grave, é?

— Acho que não, deve ter sido pela viagem, mudança de ambiente, essas coisas, nada que um cházinho e uma sopinha não resolvam.

— Vou providenciar isso, não se preocupe — informei, tranquilizando-a.

— Obrigada, querida. É uma pena perdermos o passeio, estávamos animadas.

— Não se preocupe, mãe, teremos outras oportunidades. — Samuel deu de ombros.

— O que? Vocês não vão? — Nos encarou com estranheza.

— Só nós dois? — O rapaz franziu a testa.

— Bom — ela pensou um pouco —, o irmão da Yuna não pode ir com vocês?

— Ele está ocupado em uma reunião, não sei quando termina.

— E aquela mocinha, sua amiga, qual é mesmo o nome dela?

— Trícia? Está de folga hoje. — Ela suspirou rendida e eu a acompanhei na frustração. — Todo mundo parece ocupado hoje, ou não está aqui, até minha mãe foi ver uma amiga.

— Talvez seja uma intervenção divina — Samuel comentou com calma e nós o fitamos interessadas. — Vocês sabem, Deus pode estar nos livrando de alguma coisa, a gente sempre deixa a frustração vir primeiro porque nossa visão é limitada, a de Deus não é.

— Tem razão, filho. — Johanna sorriu satisfeita com a resposta dele. — Achem outra coisa para se entreter.

— Vamos achar — Sam garantiu me lançando um olhar significativo, entendi o que ele quis dizer.

Nos despedimos da sua mãe e eu reafirmei que mandaria levarem o café da manhã para as duas.

***

— É o lugar perfeito — disse em um tom meio sussurrado quando sentamos na mesa no meio do jardim.

— Estamos em uma operação secreta? — Sam retrucou imitando meu tom de voz.

— Quase isso. — Dei risada espalhando os livros, documentos e folhas em branco sobre a mesa de pedra. — Aqui não corremos o risco de sermos pegos de surpresa, afinal, é um assunto sigiloso.

Sam me olhou de um jeito engraçado.

— O que foi? — indaguei curiosa.

— É que sábado você não estava nada disposta a isso, a princípio, mas agora está super entrosada, só isso. — Elevou o canto dos lábios em um sorriso.

Graça, margaridas e cháOnde histórias criam vida. Descubra agora