34- Azul-esverdeada

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Estava sentada na carruagem de frente para uma dupla bem enérgica, vulgo Nathan e Samuel, enquanto esse último tentava convencer meu irmão de que o rei Isaque não se parecia em nada com o rei que há séculos provocou uma guerra por ganância.

— Tudo bem, ele pode ser diferente, mas quem garante que ele deseja essa aliança? — Nate pontuou e eu encarei Samuel, não havíamos pensado muito nessa possibilidade.

— Você tem razão, príncipe — podia ver o sorriso de satisfação que Nathan tentava esconder —, no entanto, e se ele quiser essa aliança tanto quanto nós?

— Samuel, tudo está bem até agora, por que provocar um possível conflito quando estamos em paz há séculos?

— Evitar um conflito não significa estar em paz. — Resolvi me inserir na discussão. — Acredita ser realmente saudável estar ao lado de um reino que divide o mesmo território que você e simplesmente o ignorar?

— Além dos inúmeros benefícios que essa aliança pode trazer, Cristyn tem coisas que Salun não tem e vice versa. — Sam complementou minha fala. --- Ter sua ajuda nisso seria importante.

Nathan respirou fundo e ficou nos observando pensativo por alguns instantes. Se tivéssemos sua ajuda iríamos ter o conhecimento de todos os pontos já mencionados no Conselho e, quem sabe, conseguir fazer uma proposta realmente relevante.

Esperei por sua decisão com nervosismo.

— Vou pensar, até o momento de voltarmos para casa já terei minha resposta.

Sam e eu concordamos, não era um sim, porém conhecia meu irmão o suficiente para saber que se o fizemos refletir, a chance de obtermos sua ajuda era grande.

Alguns minutos depois e a carruagem parou em frente da trilha que levava à uma parte mais reservada da praia.

— Atravessar uma floresta não estava nos meus planos para hoje — Sam comentou enquanto adentrávamos entre as árvores seguindo um dos guardas.

— É uma parte particular da faixa de areia, praticamente ninguém conhece esse lugar — expliquei afastando um galho para que não atingisse meu rosto.

— A realeza têm uma parte da praia só para eles? Impressionante!

— Essa é só a pontinha dos benefícios, meu caro plebeu. — Nathan riu dando batidinhas no ombro de Sam, achei que o rapaz ficaria ofendido, mas também deu risada e pediu para meu irmão falar mais desses tais benefícios.

Ver os dois agindo de forma amigável era um alívio sem tamanho. Só Deus mesmo para me ajudar a lidar com aqueles dois seres humanos tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão parecidos.

— Uau! — Samuel foi o primeiro a colocar os olhos na imensidão azul-esverdeada.

Outras exclamações de contentamento vieram à tona depois da sua. Era lindo ver o mar tão de perto, as ondas espumantes indo e vindo na areia amarelinha. Uma verdadeira dádiva de Deus, sem dúvidas.

Tirei os sapatos e coloquei os pés em contato com a areia morna, que sensação boa! Comecei a andar em direção à água e de repente me virei para trás.

— Vão ficar aí? — Coloquei as mãos na cintura lançando um olhar desafiador aos dois rapazes.

Eles não perderam tempo e me seguiram até o mar.

Senti um leve arrepio ao primeiro contato com a água fria, contudo poucos segundos depois já estava totalmente à vontade.

Nos deliciamos com aquele banho de água salgada por um bom tempo, até que meu estômago clamou por um dos sanduíches que tínhamos trazido em uma cesta.

Graça, margaridas e cháOnde histórias criam vida. Descubra agora