— Achei que estava brincando quando disse que iria estudar. — Nate se jogou em um poltrona da biblioteca.
— Não mesmo.
Estiquei a mão pegando um livro de história na estante, como precisei mudar os planos, faria algo de produtivo.
— A História de Salun? Tedioso. Passamos anos da infância estudando isso, Ellen. — Revirou os olhos tomando o livro de minhas mãos.
— Você, como futuro rei, deveria amar a história de seu reino.
— O próprio rei está me ensinando tudo o que preciso saber, e muito mais. — Soltou o ar com força. — Você não faz idéia de como minha mente está saturada.
Encarei o homem a minha frente com certa compaixão, papai era bem rígido quando queria, isto é, em grande parte do tempo.
— Tudo bem, nada de história por hoje. — Puxei o livro de volta e ele me retribuiu com um sorriso que fez seus olhos fecharem. — Mas não há nada mais a se fazer aqui a não ser ler.
— Sua mente é extremamente limitada, irmã, há muitas possibilidades quando se usa a mente. — Ele deixou seu lugar e começou a procurar alguma coisa nas estantes.
— Oh, que filósofo. — gracejei.
— Deixe de conversa e me ajude.
— Se eu soubesse o que você está procurando...
— Um livro azul grande e fino — descreveu o objeto de sua procura.
Inspecionei um lado de uma das estantes enquanto meu irmão olhava o outro.
— Ellen — chamou-me certo momento. — O que você tanto faz perto da floresta?
— Ora! Lendo, pensando na vida, essas coisas — menti descaradamente.
— Ah, sério? — Seu tom de voz era cético.
— Deixe de curiosidade, Nathan.
— É preocupação. — Apareceu no fim da estante com um semblante sério. — Sabe que pode me contar qualquer coisa.
— Não a nada para contar, Nate, pare de ser paranóico — apelei, tentando convencê-lo a esquecer aquele assunto.
— Não sou paranóico — respondeu ofendido.
— É o que alguém paranóico diria — brinquei quebrando o contato visual e voltando a olhar as estantes — Olha, acho que é seu livro ali em cima.
— Eu te conheço há dezenove anos — murmurou subindo em uma escada para alcançar o livro.
— Que engraçado, eu também.
— Bom, desde criança sempre fomos muito unidos e contávamos tudo um para o outro, não se lembra?
— Lembro, mas isso mudou há uns cinco anos, Nathan. — Puxei um livro qualquer só para não precisar olhá-lo.
Por um momento ele ficou em silêncio e pensei que não tocaria mais no assunto, porém estava enganada.
— E acha que é culpa minha? — Sua voz soou próxima.
— Eu não disse...
— Mas parece que é o que você está pensando. — Sua seriedade me fez abaixar o olhar. — Vamos, Eleanor, é isso que você estava pensando, certo?
— Que droga, Nate, já disse que não — resmunguei.
— Ótimo, porque nós dois mudamos nesses últimos anos. Eu fiquei focado a maior parte do meu tempo em agradar o nosso pai e você... bom, você parece ter se isolado do mundo tanto quanto pode.
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Graça, margaridas e chá
SpiritualSérie Redenção: Livro 1 Eleanor Yuna nunca imaginou que atravessar um rio pudesse mudar o rumo de sua vida. A princesa não almejava de jeito algum ser o centro das atenções ou ter que tomar decisões importantes. Estar nas sombras era bem mais confo...