19- Talento

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No dia seguinte fomos enfim visitar as crianças da escola, estava animada pois era um dos meus compromissos favoritos.

O local ficava em uma parte mais afastada da cidade, fazendo todo o percurso ser bem tranquilo, e não demorou para chegarmos.

As nossas convidadas estavam igualmente animadas para conhecer nosso projeto e, junto com mamãe, compartilhei os detalhes mais relevantes da instituição.

— Será que vocês nos ajudariam a fazer algo assim em Estaryn? — Talita perguntou com um brilho de expectativa no olhar, foram poucas as vezes que a vi tão animada com algo.

— Claro, princesa! Será uma honra. — Minha mãe, que assim como eu amava tudo aquilo, se dispôs a auxiliar no que fosse preciso. — Podemos falar sobre isso quando voltarmos ao castelo, agora temos que dedicar toda nossa atenção aos alunos.

Descemos em frente à Escola de Arte de Salun, haviam outras escolas no reino, porém todas pagas, aquela era especial pois aceitava qualquer uma que quisesse se matricular, não precisava de nem uma moeda para isso.

As coordenadoras nos receberam para um tour antes de nos acomodarmos para ver as apresentações das turmas.

Cada atividade tinha sua respectiva sala, pintura e música ficavam de um lado e costura e literatura do outro, separados por um pátio amplo.

Naquele momento as crianças estavam sentadas quietas nesse pátio, no máximo de quietude que era possível para aquelas criaturinhas enérgicas, e nós logo terminamos de mostrar as salas para as princesas de Estaryn afim de assistir o que eles tinham preparado.

— Estou tão animada! — Liz comentou se sentando ao meu lado na pequena platéia.

Sorri para ela compartilhando a mesma empolgação.

Os professores organizaram as crianças para a primeira apresentação, a de música.

As crianças foram colocadas em fileiras, de um lado as do coral e do outro as do instrumental. Em uma harmonia surpreendente, provavelmente consequência dos muitos ensaios, elas apresentaram o hino de Salun com maestria.

Ao fim da apresentação batemos palmas reconhecendo o talento deles e o esforço dos professores.

Em seguida mais um grupo de pequeninos se apresentou, dessa vez recitaram poemas variados e conseguiram novamente nossos aplausos.

Ao fim das apresentações no pátio, as coordenadoras nos guiaram para uma grande sala onde haviam exposições de arte, pinturas e bordados, espalhados por todos os cantos. Alguns tinham traços infantis, porém haviam outros que passariam facilmente como obras de artistas renomados.

— Nunca pensei que ficaria tão encantada com desenhos de crianças. — Liz riu admirando um quadro na parede.

— Tão pequenos e tão cheios de criatividade. Acho que é a fase da vida que mais nos expressamos sem temores, não há a pressão de sermos perfeitos, somos apenas crianças se divertindo — respondi igualmente admirada.

— Espero que elas tenham a oportunidade de compartilhar seus talentos com o mundo. — Minha amiga sorriu esperançosa e eu assenti, também queria vê-las brilhar, e o ensino que elas estavam recebendo era o primeiro passo.

— Olha isso, Liz! — Talita chamou a atenção da irmã mostrando um delicado trabalho de bordado pousado sobre a mesa.

— Parece os que a vovó fazia — ela respondeu com a mesma expressão nostálgica da irmã.

Me afastei um pouco para ver as outras obras e para deixar as duas à vontade.

Ao passar perto da porta, vi de canto de olho uma criança sentada sozinha em frente ao piano localizado no pátio, intrigada, caminhei na direção do menino.

Graça, margaridas e cháOnde histórias criam vida. Descubra agora