12: Conversando com Poke

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23/04/2018, 8:35AM
6 dias após o sequestro.

Quando acordei, verifiquei o horário pela tela do celular e me dei conta de que estava atrasada para o trabalho na parte da manhã, e por essa razão levantei num pulo e corri para trocar o uniforme, então lavei o rosto e após organizar tudo na minha bolsa saí apressada rumo ao Jack's. Minha noite de sono foi horrível, e por ter dormido de mal jeito no sofá acabei por acordar com o corpo dolorido.

"Uma ótima forma de começar o dia."

No meio do caminho eu passei numa cafeteira onde comprei um café e um pão doce para a viagem, e comi durante o caminho até o Jack's. Por sorte, e também por morar perto do meu local de trabalho, cheguei em cima da hora, e bati meu ponto a tempo. Ao menos Jack não teria motivo para descontar nada no meu salário.

Na sala dos funcionários, Jenna estava terminando de se arrumar, e parou quando me viu chegando e pendurando o meu casaco.

- Você tá um trapo - ela comentou ao me olhar.

- Obrigada por me avisar, não tinha reparado - respondi com ironia, dando uma última olhada na minha aparência no espelho que tinha na sala, prestes a ir até o salão.

- Você não vai entrar no salão desse jeito! - ela esbravejou. - Vou pelo menos te passar uma maquiagem, pra você não assustar os clientes com essa cara.

[...]

Por causa do cansaço, acabei cedendo as ordens de Jenna sem protestar, e ela me maquiou antes que eu entrasse no salão. Segui trabalhando com um ritmo mais lento do que de costume, e sempre fazendo pausas quando tinha a oportunidade.

Consegui me manter firme até o almoço, onde comi no próprio Jack's, não sabendo se aguentaria caminhar até uma lanchonete para comer por lá. Acabei tendo um tempo de sobra com isso, e enquanto eu repousava sentada em um dos bancos na sala dos funcionários, o estagiário se sentou do meu lado e me olhou.

- Obrigado por me cobrir ontem, linda - o olhei com uma expressão incrédula, e demorei para processar sua ousadia somada com sua expressão pervertida. - Quer sair comigo algum dia desses, pra compensar pelo favor?

- Uh, não - respondi de maneira ríspida. - E não me chama de "linda", não te dei essa liberdade, garoto. Agora... me deixa descansar, por favor.

Ele deve ter se frustrado com o meu fora, pois logo se levantou, disse algo como "eu nem queria isso mesmo" e saiu da sala batendo os pés. Eu não me importei nem um pouco com isso, e continuei descansando.

Eu só queria que esse dia acabasse.

[...]

Logo voltei a trabalhar, e por estar dentro do horário de pico ainda as coisas no restaurante estavam um pouco corridas, mas tudo se seguia em plena ordem como o cotidiano.

... Pelo menos por enquanto.

Em determinado momento, no meio do caos costumeiro, alguém se esbarrou em mim enquanto eu voltava para a cozinha com pratos sujos, e com o impacto eu caí no chão junto com os pratos que inevitavelmente quebraram, e senti algo quente cair sobre mim e causar algumas queimaduras por minha pele. Pelo cheiro forte de tomate e alho, imaginei que era o um caldo quente que estava sendo servido como prato do dia.

Levei alguns instantes para ter alguma reação devido o choque, sofrendo com a dor da minha pele estar sendo queimada, mas quando fiz algo e olhei para cima, reparei que era o estagiário, que ficou chocado com o que aconteceu.

Hoje não é um bom dia pra mim.

[...]

Não consegui acompanhar precisamente tudo o que aconteceu. Lembro que segurei com todas as minhas forças o meu desejo de xingar o maldito estagiário para não tornar o clima no salão ainda menos agradável, e em determinado momento Jenna correu para me ajudar, e depois de levantar eu fui com ela até a sala dos funcionários, onde eu fiquei tentando tirar o excesso do caldo da minha roupa enquanto Jenna saía apressada e, depois de alguns segundos, voltou com um saco cheio de gelo e me entregou ele.

Caso: Hannah DonfortOnde histórias criam vida. Descubra agora