46: Ideia estúpida

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29/04/2018, 07:48PM
12 dias após o sequestro.

A trilha até a casa do desafio era, no seu princípio, uma entrada estreita no meio de folhas rasteiras e algumas árvores, ao lado do belo hotel da mãe do Alfie. Cheguei ali pouco depois que encerrei a minha ligação com Alan, e por sorte não me perdi tanto durante o caminho. Aos poucos, me vi familiarizada com as ruas de Duskwood.

- Que droga, Alan! - falei a ele enquanto me aproximava. - Não tinha um horário mais tarde pra você inventar fazer uma coisa dessas!?

- Sei que tá bem cedo, na verdade eu pensei em esperar até as três e trinta e três, a hora do demônio, pra entrarmos. O que acha? - me respondeu com ironia.

Naquele momento, percebi que havia sido grosseira até demais com ele, e descontado parte da raiva que eu estava sentindo da Cleo e do Thomas em uma pessoa que não tinha nada haver com o assunto.

"Isso foi bem injusto."

Passei a mão pelo rosto e depois subi até os meus cabelos. Usei os dedos para pentear meu cabelo para trás, enquanto soltava um longo suspiro.

- Olha, foi mal - disse. - Acabei de me estressar com umas coisas antes de você me ligar e... eu sei que fui babaca, perdão.

- Tranquilo, eu tô sendo bem sem noção também - ele sorriu, e coçou o rosto. A rua onde estávamos era até que bem iluminada com postes de luz, e por isso consegui reparar que ele estava com a barba por fazer. - Bom, acho que agora é a hora de você me convencer a não entrar nessa floresta.

- Por que diabos você quer fazer isso, aliás?

- Desde o nosso jantar, eu não consigo parar de pensar na possibilidade da Hannah estar bem ali, na casa do desafio, e preciso descobrir a resposta conclusiva dessa questão agora.

- Mas você não podia esperar sei lá, pelo amanhecer? Por que a noite? Você é doido?

- Um pouco, sim - ele riu. - Quero criar um clima de tensão, na verdade.

- Sério?

- Não. Pensei em vir mais cedo, mas hoje meu pai ficou me arrastando de lá pra cá na empresa e aí eu não tive tempo. Eu realmente cogitei em ir amanhã cedo, mas eu estava passando de carro e aí vi a trilha... não resisti, e estacionei meu carro no Rainbow Coffee e vim pra cá. Então, tô a mais ou menos meia hora parado igual um mongo na frente da floresta, contendo a mim mesmo de entrar e... daí eu lembrei de você, Olivia, e como você parece ser bem racional, eu pensei que você me daria bons motivos pra não te arrastar comigo para a floresta.

Escutei a explicação de Alan com atenção, mesmo quando senti meu celular vibrar. Pouco depois da frase dele, eu tirei o celular do bolso e vi as chamadas perdidas da Cleo e do Thomas. Eu não estava nem aí para eles no momento, então ignorei esse fato.

- Então? Vai começar a dar suas razões pra não entrar numa floresta sinistra a noite?

- Bom... - fiquei encarando a floresta por um pouco. - A ideia é estúpida. Estamos praticamente pedindo para o sequestrador vir por trás de nós e nos matar desse jeito. Seria suicídio e muita idiotice fazer algo assim.

- Ah, obrigado, acho que já é o bastante pra eu não vir aqui de novo tão ced-

- Por outro lado... - alisei meu queixo, pensativa - se a Hannah realmente estiver lá, o sequestrador já estaria atento desde quando Richy foi, e agora que cogitamos tentar invadir a casa, ele poderia muito bem mudar o esconderijo onde mantém a Hannah assim que sairmos daqui.

O celular voltou a tocar.

- Não vai atender? - perguntou Alan.

- Não é ninguém importante - respondi. - Então, voltando a minha linha de raciocínio, seria um tiro no escuro, onde podemos alcançar três possibilidades: na primeira, nós achamos a Hannah e salvamos ela; e na segunda, estamos caindo nas garras do sequestrador e vamos desaparecer assim como ela.

Caso: Hannah DonfortOnde histórias criam vida. Descubra agora