26: Desvendando segredos (02/03)

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Finalmente, com mais algum esforço, acabei de organizar minha bagagem, e separei uma certa quantidade de dinheiro em espécie e em meu cartão que eu tinha juntado para pagar as despesas excedentes, tais como a diária no hotel e afins. Apenas torcia para que a Sra. Walter tivesse um quarto sobrando, mesmo se fosse onde o pobre passarinho foi morto.

Com tudo pronto, restou a mim apenas ajuntar coragem para contar a eles que eu estava indo para Duskwood. Todos já sabiam, exceto eles, e eu não me sentia confortável em guardar esse segredo.

É tão estranha a sensação de conhecer tão bem pessoas e construir um laço de amizade forte com elas mesmo sem nunca tê-las visto pessoalmente, e bem, o caso Hannah Donfort estava me concedendo esse sentimento em abundância, ainda mais com o hacker. Eu nunca sequer escutei sua voz verdadeira, mas ainda assim entreguei minha confiança inteiramente a ele. Era como se fôssemos complementares um ao outro, e só de imaginar isso meu coração acelerava.

Não, não é possível construir relações tão poderosas assim sem o menor contato com um indivíduo. O laço que construí com Jessy, Richy, Cleo e os outros era diferente, eu ao menos sabia como era a aparência de cada um e os conhecia, mas Jake, envolto em seus segredos e mistérios... eu realmente não deveria confiar nele, ainda mais por saber que ele é procurado pelo governo, mas uma força maior aumentava minha admiração por ele, e mesmo negando eu sabia que estava ficando cativada por aquele computador de peruca.

Talvez eu estivesse ficando louca, afinal, as noites sem dormir, a má alimentação e o estresse devido a situação que estou enfrentando gerariam um resultado catastrófico. Eu poderia estar tão afetada psicologicamente que, no primeiro sinal de empatia, me entreguei de braços abertos para a primeira pessoa que demonstrou gentileza por mim...

Agora, deitada em minha cama, olhando para o teto com o celular ao meu lado, apenas ao aguardo de Lilly dar qualquer sinal de vida, eu me encontrei novamente pensando nele. Aquelas palavras que ele me disse... era como se Jake estivesse se declarando para mim. Talvez ele também esteja esgotado, e por confiar em mim também se entregou inteiramente, tanto que tenho certeza que ele arriscaria sua própria segurança por minha causa e já até ter arriscado para passar alguns minutos falando comigo. Éramos dois corações fadigados em busca de compaixão, a qual começamos a entrar um no outro.

Sorri sozinha ao pensar que, talvez, assim como nos programas que assisti e nos livros que li, em meio a todo esse mistério surgiria uma faísca de romance, que tornaria tudo ainda mais picante e cativante ao público, mas é claro que isso não aconteceria. O mundo é cruel demais para essas faíscas oportunas.

Perdida em meus pensamentos, mal me dei conta de que meu celular vibrava, indicando que estava tocando, e acordei de minhas fantasias por volta do terceiro toque, e me apressei para atender, sem nem mesmo me atentar ao número por trás da chamada.

Das duas, seria uma: ou seria Jake me ligando para dizer que está tudo bem, ou o sequestrador estava prestes a me ameaçar mais uma vez. Entre elas, eu queria muito que fosse Jake. Eu queria tanto falar com ele...

Tenho certeza de que não seria Lilly, visto que ela teria um bom caminho para seguir pela frente até chegar no local marcado no mapa. E mesmo que ela tivesse chego, não temos intimidade ao ponto dela me ligar sem mais, nem menos.

Quando eu atendi, não tive tempo de dizer nada, já que a pessoa por trás da linha logo começou a falar:

- Alou? - eu não conhecia a voz, mas tinha certeza de que não era o sequestrador. Em todas as ameaças, era sempre o mesmo tom.

- Alô? - respondi, e meu coração bateu mais forte quando imaginei que era a voz verdadeira de Jake.

As fantasias que estava tendo pouco antes, até o momento em que me decepcionei inteiramente com a fala a seguir:

Caso: Hannah DonfortOnde histórias criam vida. Descubra agora