38: O interrogatório de Olivia

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26/04/2018, 10:45PM
9 dias após o sequestro.

Estava sobre o chão com as mãos sobre aquele piso amadeirado, esvaziando minha mente e descontando todo o meu estresse nem uma série de flexões prolongada. Meu corpo suava, e eu perdi a conta da quantidade que fiz.

O piso que imitava madeira me recordava da época da minha infância, tanto de coisas boas quanto de coisas ruins, mas isso não importa. A minha vida não é importante para ninguém.

A viagem que fizemos até Goldtown foi cansativa, e o medo de que poderíamos ter que machucar uma mulher - que até onde percebi em todos os relatórios parecia apenas ser um peão nas mãos daquele homem maldito - acabou me deixando ainda mais frustrado.

Eu sei que deveria apenas acatar ordens, sem envolver meus sentimentos e opiniões nas missões, mas desde o que aconteceu em Liverpool eu não conseguia mais ignorar isso, e Gideon sabia disso, talvez por isso quisesse me aconselhar, mas tanto ele como eu sabemos que não daria certo. Meu gênio não é compatível com coisas assim. Nunca foi.

Assim que nós chegamos no abrigo, o lugar secreto que a nossa agência nos concede em quase todos os cantos do planeta, eu me exclui em um cômodo e, da melhor forma que pude, comecei a espairecer através dos exercícios. Passei horas trancado, revezando repetições que levavam meu corpo ao limite, e me permitiam afastar os pensamentos constantes.

Parei com a série de flexões e me levantei. Meus braços já estavam cansados, e eu precisava de uma pequena pausa. Caminhei até um canto do cômodo onde alcancei o meu celular e verifiquei o horário, acabando por me surpreender pela quantidade de horas que eu fiquei isolado.

"Por isso eu estou um bagaço", pensei. "Já é de noite."

Deixei o celular onde estava e aproximei o nariz se uma das axilas, cheirando rapidamente a região coberta pela camisa, que aliás estava coberta de suor. Fiz uma careta quando o odor invadiu minhas narinas.

"Eu preciso urgentemente de um banho."

- Pela sua cara, nem quero imaginar o quanto deve estar fedendo aí embaixo - escutei a voz de Gideon, e quando virei em sua direção o vi encostado no batente da porta, com seus braços cruzados.

- Hahaha, muito engraçado - forcei uma risada. - Por que veio pegar no meu pé?

- O chefe ligou um pouco mais cedo e disse que vai reunir todo mundo em uma reunião por vídeo conferência as onze. Pelo que parece, vai ser tarde porque o pessoal que estava interrogando os suspeitos ainda precisa dar um jeito na bagunça que estavam fazendo.

- Espera, você tá falando onze da noite?

- Claro. Ele não ligaria agora se fosse pra ser amanhã cedo.

- Mas eu olhei no celular agora a pouco, e faltam quinze pras onze - fiquei preocupado, afinal, eu tinha minutos para me vestir para a ocasião.

- Acho melhor você se apressar, então - percebi que ele estava segurando o riso, vendo graça na minha desgraça.

Sem me dar ao luxo de dizer algo para retribuir seu deboche, corri para ficar minimamente apresentável para a reunião.

[...]

Consegui me arrumar a tempo, e onze horas já estávamos conectados na reunião para recebermos a enxurrada de mas notícias.

- Não vou enrolar dessa vez - Keen foi o primeiro a se manifestar assim que deu o horário. - Vocês já devem estar sabendo do que aconteceu, e se não sabem, vão saber agora. Atualmente está rodando numa hashtag usada para espalhar pistas sobre o paradeiro de Jake ao redor de todo o globo, e enquanto eu vou falando aqui, ela se expande cada vez mais e mais a cada minuto.

Caso: Hannah DonfortOnde histórias criam vida. Descubra agora