45: Acusações desesperadas

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29/04/2018, 08:21PM
12 dias após o sequestro.

Na minha sala particular eu estava revisando o conteúdo de alguns documentos acerca do caso de procura do criminoso internacional. Desde o começo de todo esse problema eu liderei um grupo de agentes, e de prontidão nós começamos nossa busca por esse maldito anos atrás e simplesmente ele não deu nenhum sinal de vida ao longo de todo esse tempo; e agora que sinto que estou perto de solucionar a problemática, construindo uma estratégia perfeita, sem margens para erro, acontece que mesmo assim eu falho. Era como se Jake usasse de magia para escapar de todas as armadilhas que eu já lancei para pegá-lo.

Nessa minha revisão das informações coletadas eu estava acompanhado de um maço de cigarros quase vazio e um cinzeiro lotado, e imerso em meus pensamentos eu mal me dou conta quando escutei alguém bater na porta suavemente e, ao olhar para frente, me deparei com o agente Dallas entrando na sala.

- Senhor Keen, tem um minuto? - perguntou, encostando a porta de volta. Como sempre agia de modo formal, e transmitia em sua essência um ar de superioridade, até mesmo para comigo.

- Claro, agente Dallas - respondi, um pouco aliviado de ter uma pausa de todo esse estresse.

Dallas era, na minha concepção, um sinal de boa sorte. Em quase todos os sinais de avanço que temos desde o princípio das investigações da caça ao Jake, ele quem vinha apresentando pistas favoráveis, e nesse caso eu tinha quase certeza de que não era algo diferente.

"Ele tem boas notícias, eu tenho certeza."

- O que há dessa vez? Conseguiu algum alvo promissor? - pergunto, esperançoso. - Sente-se, pegue um cigarro e fique à vontade.

Sem rodeios Dallas se sentou diante de mim, pegou um cigarro do maço e usou o próprio isqueiro para acender. Deu uma longa tragada e, enquanto soprava a fumaça pela boca, olhou para trás em silêncio, mas logo voltou sua atenção para mim. Estava sério e não perdia a formalidade.

- Sei que suas ordens sobre nosso novo plano de ação foram claras, e já me adianto pedindo desculpas pela quebra da norma - explicou. - Mas, tem uma coisa que eu não consigo tirar da cabeça. Há algo em tudo isso me incomodando, senhor Keen.

- Hum? E o que é? - pergunto, apoiando minhas mãos sobre a mesa.

Dallas tragou mais uma vez enquanto olhava de novo para trás, e seguiu explicando pouco depois:

- Já faz anos que estamos atrás desse Jake, e todas as vezes em que estamos perto de alcançá-lo, nós o perdemos por um deslize, embora nosso plano fosse perfeito. Agora não será diferente, ainda mais porque agora estamos considerando a possibilidade de, a essa altura, o nosso fugitivo estar em outro país, já com uma identidade nova e disfarçado entre sua legião de fantoches fanáticos.

- Aonde você quer chegar com isso, agente Dallas? - questionei, com a sobrancelha arqueada.

- Eu entendo que nossa situação não é nem um pouco favorável, senhor Keen - fez uma pausa enquanto me olhava nos olhos. - O prazo imposto pelo presidente está se esgotando, e tanto eu quanto você sabemos que seguir investigando por essa mesma estratégia não nos levará a lugar algum. Ou melhor, não com o tempo reduzido que temos.

Prestei atenção em cada palavra dita por Dallas, e não resisti em sorrir ao compreender sua linha de raciocínio:

"Seu objetivo não é prosseguir com as investigações, mas me propor algo mais sujo, para que possamos nos livrar do trabalho de procurar por Jake. Ele sabe que é impossível o encontrarmos, ainda mais com as pressões que estamos tendo e com a ideia de que o nosso alvo pode estar em qualquer lugar do mundo agora."

Caso: Hannah DonfortOnde histórias criam vida. Descubra agora