10: O pesadelo

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22/04/2018, 2:17AM
5 dias após o sequestro.

Era como se eu tivesse viajado no tempo. Estava naquela floresta novamente procurando pela Hannah, que estava muito distante de mim. Segui seus rastros com dificuldade, já que tudo estava mais escuro do que eu lembrava estar. De qualquer forma, eu não desisti.

Levei algum tempo, mas logo a alcancei. Ela ainda estava distante de mim, e a escuridão a tornava apenas uma figura irreconhecível em meio àquela floresta escura. Eu parecia ter controle sobre minhas ações, e estava prestes a salvá-la novamente quando, de repente, ela se virou para mim e eu me surpreendi ao ver não a face de Hannah, mas sim de Dylan, meu irmão mais velho. Acabei ficando paralisada pelo choque ao vê-lo me encarando com uma expressão de desprezo e, quando corri para salvá-lo, gritando sue nome, já era tarde demais.

Ele havia se jogado, e minha única reação no momento foi cair de joelhos sobre a grama e chorar alto. Não sei o que aconteceu direito, mas quando abri os olhos, estava num local completamente diferente, numa parte da floresta bem mais clara da qual onde eu estava a pouco.

Me recompus e enquanto me levantava, e ao olhar meu entorno não vi nada. Em determinado momento  fui tentada, quase que induzida à olhar para minha frente, e quando fiz isso, encarei o cadáver de Hannah estirado no chão, gravemente ferido pelos danos da queda.

Passei a mão pelos meus cabelos, chocada com o que estava vendo, e de repente escutei vozes ecoando em minha cabeça, gritando xingamentos e falas, dizendo que tudo isso era culpa minha. Tentei cobrir meus ouvidos para o barulho parar, mas nada, fechei meus olhos com força, mas a visão do cadáver não sumia de diante dos meus olhos, implorei para que isso parasse, mas ninguém me ouviu.

Isso se seguiu por mais algum tempo, até que tudo ficou em silêncio e eu me encontrei sozinha no meio daquela floresta escura e sombria. Tudo estava estranhamente silencioso, e eu olhava ao meu redor desconfiada e com medo porque sentia que alguém estava me encarando, embora não visse ninguém ao meu redor.

De repente o silêncio se rompeu em ruídos de galhos quebrando e folhas sendo pisoteadas. Os sons pareciam vir de uma hora em um lugar, de outra em outro, até o momento em que tudo ficou em silêncio e, após alguns instantes, eu olhei para frente e um homem com uma máscara me encarou. Ele tinha uma postura ameaçadora e uma voz familiar.

Sem que eu pudesse fazer algo para me defender, ele me agarrou pelo pescoço e começou a apertar. Fiquei sem ar quase imediatamente, e o encarei com pavor.

- Eu te falei para ficar longe dos assuntos de outras pessoas... - ele dizia, ofegante - agora eu vim atrás de você!

Depois dessas palavras eu acordei e num movimento brusco me sentei sobre a cama. Estava tremendo e respirando ofegante. Sentia meus olhos cheios de água, mas eu não chorava. Sem sombra de dúvida, fiquei em estado de choque com esse pesadelo, e demorei para me recompor.

Depois de algum tempo, não sei quanto, eu me sentei em posição fetal e coloquei ambas as mãos sobre minha cabeça, o que acabou bagunçando ainda mais meu cabelo. Comecei a murmurar para mim mesma:

- Foi só um pesadelo, não é real, não é real, não é real... - repeti isso várias vezes, numa tentativa de me acalmar.

Tentei dormir mais cedo para compensar a noite anterior, mas nada. Acabei demorando para conseguir pegar no sono e, nesse meio tempo, consegui um outro arquivo descriptografando a nuvem da Hannah e o enviei para o hacker sem olhar seu conteúdo.

Dormi aguardando por algum sinal de vida dele e, quando finalmente peguei no sono, mas acabei tendo esse pesadelo terrível com aquela maldita floresta. Acordar com isso me fez ficar com a mente cheia de pensamentos, além de completamente assustada. Ainda eram duas da manhã quando vi no relógio do meu celular, e pelo visto eu demoraria para pegar no sono.

Caso: Hannah DonfortOnde histórias criam vida. Descubra agora