48: Sorriso abobado

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30/04/2018, 11:21PM
13 dias após o sequestro.

Sentado em minha cadeira no meu quarto, movendo o cursor do meu notebook para lá e para cá usando o indicador, eu me encontrei novamente vagando por meus pensamentos enquanto deveria estar concentrado no que era mais importante no momento: recuperar o máximo que era possível do arquivo de vídeo.

Já havia conseguido um bom progresso no que eu estava fazendo, contudo não tive êxito em cumprir de uma vez por todas com essa tarefa graças à minha mente traiçoeira, que me levava todas as vezes a pensar em Olivia. Comecei a remoer cada um dos acontecimentos desde quando ela chegou em Duskwood, e confesso que não conseguia deixar de me sentir desconfortável com as paranoias que começaram a me circular enquanto eu era envolto por uma insegurança torturante.

Primeiro, tinha o irmão mulherengo da Jessica, o qual vi por meio das mensagens que ele trocou com Olivia que ele nitidamente tinha interesse nela. Era tão translúcido esse seu desejo que nem mesmo eu, sem a menor capacidade de compreender emoções entre mensagens de texto, fui capaz de reparar nessas suas segundas intenções. Isso me deixou irritado, e talvez com ciúmes, embora eu jamais fosse admitir isso em voz alta. Pelo que conheço de Philip, me dei conta de que ele é um daqueles caras que não se sacia com uma mulher só, e seguindo essa linha de raciocínio, Olivia acabaria se tornando nas mãos dele apenas mais uma em seu harém, e isso me deixava uma pilha de nervos só de imaginar. Ela merecia alguém que a tratasse como especial, preciosa, importante... o que ela realmente é.

Mas, mesmo não me agradando da ideia da proximidade entre a Olivia e o Philip, ele sem dúvida alguma era quem menos me preocupava. A minha segunda preocupação era que mais me importunava: Alan, um indivíduo que apareceu em meio a condições nada comuns, com um ar suspeitamente cooperativo e, para piorar, se aproximou de Olivia tão rápido quanto nós dois nos aproximamos.

- Argh, ela não se dá conta do quão suspeito ele é? - me perguntei em voz baixa após um suspiro de frustração. Levei uma das mãos ao rosto e respirei profundamente, usando a mesa como apoio para o cotovelo.

"Ela já deveria estar suspeitando dele desde quando a arrastou para dentro da floresta", pensei em meio a minha irritação, que pouco a pouco foi se voltando contra eu mesmo. "Quem eu quero enganar? Me sinto assim só porque a Olivia estaria com alguém bem melhor do que eu caso estivesse com o Alan."

Assim que descobri que a Olivia tinha ido para a floresta a noite com o Alan, fiz questão de analisar seus antecedentes criminais minuciosamente, e reparei que a ficha dele era simplesmente impecável. Fora algumas multas por estacionar em lugares inapropriados, ele nunca havia cometido delito algum. Contrário a mim, quem é perseguido pelo FBI - e agora pela Interpol. - Caso estivéssemos juntos, teríamos que viver envoltos em mentiras e segredos, coisa que a Olivia não merecia passar continuamente, ainda menos depois de tudo o que ela já suportou por minha causa.

Agora, entre essa frustração toda, tentei descarregar minha insegurança colocando Alan como suspeito principal de sequestrar a Hannah, embora sinceramente não tivesse provas para fazê-lo a não ser o fato dele ter surgido a essa altura no caso, e ninguém do grupo saber nada sobre ele.

Após alguns segundos pensativo, senti o celular vibrando e rapidamente o peguei de sobre a mesa e desbloqueei a tela, ansiando por uma mensagem da Olivia. Desde de manhã, ela não tinha me mandado mais mensagem alguma, o que realmente me fez falta ao longo do dia. Assim que abri o aplicativo de mensagens, percebi que não se tratava exatamente de uma mensagem da Olivia, mas sim de uma conversa no Modo Espião entre ela e o Philip:

[Phil está agora online]

[Phil] Obrigado ;)

[Olivia está agora online]

Caso: Hannah DonfortOnde histórias criam vida. Descubra agora