30: Terra de pecadores

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27/04/2018, 4:30AM
10 dias após o sequestro.

Consegui descansar um pouco antes do meu despertador tocar. Eram por volta das cinco da manhã quando eu me levantei da cama e fui me arrumar para a viagem. Tomei um bom banho e arrumei meu cabelo, mesmo sabendo que as horas dentro do ônibus iriam acabar com meu penteado novamente.

Vestindo roupas limpas e com o cabelo arrumado de um modo minimamente decente, desci as bagagens para o andar de baixo da casa e as deixei sobre o sofá, e tirei um tempinho para tomar um café da manhã bom o suficiente para conseguir me manter de pé nas primeiras horas de viagem. Era tão difícil comer logo cedo, mas as noites em claro me tornaram quase uma expert nisso. De qualquer modo, deveria comprar alguma coisa para comer no ônibus, porque eu tenho certeza de que vou sentir fome depois.

Quando terminei de comer, lavei a louça pendente, sequei e guardei tudo em seu devido lugar. Depois, me certifiquei de que estava tudo em ordem e que todas as portas e janelas estavam trancadas. Depois, peguei o molho de chaves e caminhei até a porta com as malas, e depois que saí de casa eu chamei um motorista através de um aplicativo que iria me levar até o ponto de ônibus, e aproveitei os minutos que demoraria para ele chegar para observar as notícias com respeito a hashtag EuSouJake. Pelo visto, ela se popularizou muito rápido, e pelo que vi em algumas postagens algumas pessoas ao redor do mundo estavam organizando até mesmo manifestações em prol do Jake. Tudo estava indo muito além do que eu esperava, e muito rápido.

Estava frio, como sempre, e a rua não estava tão movimentada. Só havia uma pessoa ou outra saindo para trabalhar. De todo modo, isso tudo me trouxe uma sensação nostálgica, mesmo que as condições fossem completamente diferentes.

Me encontrei pensando do que o sequestrador seria capaz de fazer comigo caso me encontrasse, e por essa razão fiquei obstinada em resolver tudo o mais rápido possível. Além disso, mesmo que Jake tivesse dito o contrário, eu gostaria também de saber o seu paradeiro, embora isso fosse praticamente impossível com as minhas condições. Eu precisaria dele para saber onde ele está, por mais irônico que isso soasse.

O motorista chegou em alguns minutos, então me aproximei do carro e ele abaixou o vidro, se aproximando da janela para falar comigo:

- Olivia Hawkins?

- Eu mesma.

Ele reparou que eu estava com bagagem e abriu o porta-malas para eu guardar minhas coisas. Após pôr a mala e a mochila dentro do porta-malas, fechei o mesmo e entrei no carro, sentando-me no banco ao lado do motorista. Fechei a porta do carro com cautela e coloquei o cinto de segurança. Escutei o click do som do carro trancando e, após alguns segundos, já estávamos a caminho da estação de ônibus.

- Está indo para a Estação Boa Viagem, certo? - ele questionou enquanto, por um instante, observava o caminho que teria que seguir por meio do GPS.

- Sim, é isso mesmo.

- Certo. Se você souber alguma rota alternativa melhor do que a mostrada aqui, pode me dizer.

- Ok.

Voltamos ao silêncio quase total, exceto pelo rádio, que estava sincronizado com uma frequência que narrava o noticiário. O som estava num volume agradável, então eu me concentrei em escutar as notícias enquanto não chegávamos na estação.

- Na tarde do dia anterior uma nova hashtag subiu em prol da defesa de um criminoso procurado pelo governo - o jornalista falava. - Seus crimes foram mantidos em segredo nacional, mas sabe-se que o governo não vai tolerar nenhum tipo de ação em prol desse criminoso, conhecido popularmente como Jake. Na noite do dia anterior, o presidente dos Estados Unidos Theodore Carter fez um pronunciamento ao vivo, a seguir vamos transmitir uma gravação sobre o que ele disse:

Caso: Hannah DonfortOnde histórias criam vida. Descubra agora