54: Ele não vai parar

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Olivia Hawkins
02/05/2018, 06:29AM
15 dias após o sequestro.

Despertei assustada ao escutar um som semelhante à uma batida vindo de algum lugar do lado de fora do quarto. A princípio, permaneci deitada na cama, e até mesmo fechei meus olhos com força, tentando me convencer de que aquilo se tratava apenas da minha imaginação pregando peças comigo mesma, mas infelizmente aquilo não era um truque da minha mente, por mais que eu desejasse que fosse. Escutei outras duas batidas, uma mais forte do que a outra, o que fez meu coração querer sair da minha boca.

Relutante eu me sentei sobre a cama e levei uma das mãos à cabeça, penteando cabelo para trás com o auxílio dos meus dedos. Os fios ainda estavam gelados e um pouco úmidos, por eu ter dormido com o cabelo molhado. O quarto ao meu redor estava do mesmo jeito que antes de eu dormir. Escuro, silencioso, convidativo para uma ótima noite de sono.

Por mais uma vez, fechei meus olhos e tentei convencer a mim mesma de que aquilo que eu escutava era apenas uma peripécia da minha mente. Cheguei a até mesmo agarrar o edredom branco e a apertá-lo com firmeza. Por mais uma vez, me decepcionei ao escutar mais uma batida, parecia cada vez mais próximo.

Mesmo tendo noção de que não deveria estar fazendo isso, me deixei levar pela curiosidade e então me levantei da cama. Caminhei descalça pelo carpete e cheguei até a porta do quarto, onde eu girei a maçaneta e então puxei suavemente, abrindo a passagem para que eu pudesse sair do cômodo. Escutei um rangido suave, mas ao mesmo tempo assustador, e torci no íntimo para que não tivesse acordado o Phil a essa altura.

Com passos lentos e procurando ser silenciosa, caminhei pelo apartamento, tomando cuidado para não esbarrar com nada, e chegando na sala de estar - sendo essa a parte mais iluminada, graças à porta de vidro que dava acesso à varanda estar mal coberta pela cortina -, notei que Phil descansava em um sono profundo. Os cabelos estavam bagunçados e ele abraçava um dos seus travesseiros.

Me concentrei por mais algum tempo, tentando descobrir da onde se originava aquele ruído, e por mais uma vez eu o escutei: vinha do lado de fora do apartamento.

Senti meus músculos ficarem tensos e o ar faltar no peito. Parte minha, naquele momento, estava imaginando os piores cenários possíveis para o que quer que estivesse acontecendo, enquanto o restante tentava ser otimista e pensar em alternativas menos tenebrosas. "Ele não pode ter me seguido até aqui, não, de jeito nenhum isso aconteceu."

Balancei naquela linha tênue entre o desejo de apenas correr de volta para o quarto e me esconder sob o edredom e a vontade de ir até o corredor para verificar por mim mesma o que estava acontecendo, até que meu lado otimista convenceu a minha paranoia de que estava certo. Eu apenas precisava ir até o corredor e não veria nada. O problema se resolveria, e eu perceberia que estava apenas imaginando coisas.

Tomei coragem por mais alguns segundos, até que voltei a me aproximar da saída do apartamento. Destranquei a porta com delicadeza, temendo acordar Phil, e assim que abri a porta e saí do apartamento, encostei ela para que a iluminação no corredor não o acordasse.

Após o sensor reconhecer os meus movimentos, a luz acima de mim se ascendeu, e eu pude olhar um pouco mais ao redor daquele corredor extenso, bem mais extenso do que eu lembrava ser. Como minha movimentação estava só por ali, apenas uma luz ascendeu, e poucos metros à minha frente eu via apenas breu e mais breu.

O som de batidas parecia ter cessado, e eu estava prestes a entrar novamente no apartamento quando ouvi um outro ruído. Dessa vez, era diferente do som de batidas ou de qualquer outra coisa do gênero.

Se tratava do som de uma luz ascendendo, ou seja, o sensor reconheceu a presença de mais uma pessoa naquele corredor.

Olhei na direção do ruído, e reparei que a uma boa distância de mim havia a silhueta de um homem, agora visível graças à iluminação. Não precisei forçar a vista para perceber que se tratava da mesma figura mascarada que me assombrava desde que comecei a me envolver nessa bagunça toda.

Caso: Hannah DonfortOnde histórias criam vida. Descubra agora