50: O retorno da ovelha perdida

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Olivia Hawkins
01/05/2018, 05:03PM
14 dias após o sequestro.

Assim que penteei os fios do meu cabelo para trás, levei minha mão ao rosto, de modo que consegui cobrir o meu nariz e a boca. O odor de todo aquele sangue estava sendo insuportável, bem como ver tal cena diante dos meus olhos acabou embrulhando o meu estômago. Sem dúvida, desde que cheguei aqui, eu já tinha visto coisas horripilantes, e embora eu tivesse o estômago forte para coisas assim, isso... isso excedeu os meus limites de um modo inexplicável.

Alan estava agitado. Andava de um lado para o outro, inquieto. Vez ou outra passava a mão pelo rosto, e secava as lágrimas que escorriam silenciosamente por sua face constantemente. Parecia incrédulo com a situação, enquanto ao mesmo tempo aceitava o destino ao qual estava fadado.

O silêncio entre nós dois perdurou alguns segundos angustiantes, e enquanto eu ainda tentava digerir o choque em ver tamanha crueldade, Alan por fim disse:

- Hoje a noite é de lua nova - explicou. - Você conhece a lenda, certo? Essa mancha na parede quer dizer que eu fui marcado, e que hoje o sequestrador vai vir me pegar, Olivia!

Eu permaneci quieta, tentando me manter profissional diante dessa situação enquanto observava cada detalhe em toda a cena do crime.

"Por que justo o Alan?", eu me perguntava constantemente. "Qual a lógica que o sequestrador está seguindo?"

- Meus gatos... - ele continuou se lamentando, aos poucos se abaixando diante dos corpos dos bichos. - Raj, Penina... por que isso tá acontecendo comigo!? Por que justo comigo?! Olivia, você pode dizer alguma coisa por favor!?!?

Alan praticamente gritou essa sua última fala, e eu não o tiro sua razão. Ele estava com medo, e provavelmente depositava em mim sua esperança em que tudo acabaria bem, e eu não poderia o decepcionar a essa altura. Eu não podia deixá-lo na mão.

Quando virei minha cabeça para olhá-lo nos olhos, reparei em sua expressão que ele precisava de consolo. Alan estava com muito medo, e precisava de alguém para apoiá-lo diante dessa situação.

Ainda sem falar nada, voltei a encarar a parede, e aos poucos as peças foram se encaixando na minha mente. Estava tudo ainda muito confuso e com coisas faltando, mas eu me agarrava à esperança de que eu teria algum progresso por aqui. Sem dúvida, eu era obrigada a encontrar algo de útil em meio a essa situação dramática, se quisesse ajudar meu amigo de alguma forma.

- Alan... - virei minha cabeça e voltei a olhá-lo - assim como você, eu estou confusa, e não entendo o que está acontecendo realmente. Por isso, eu vou precisar da sua ajuda para resolver esse mistério, para entendermos essa situação e para que eu possa te ajudar de alguma forma. Você pode fazer isso por mim?

- É, eu posso - concordou com a cabeça.

- Ótimo - sorri. - Então, para começarmos, você pode me repassar tudo o que aconteceu desde a última vez em que você estava na sua casa até o momento em que você chegou aqui? Por favor, seja o mais detalhista possível.

Ele afirmou com a cabeça, e enquanto Alan falava, tirei meu celular do bolso e comecei a fotografar a cena do crime.

- Ontem, eu estava aproveitando a folga que meu pai me deu e passei quase o dia todo em casa jogando videogame - explicou. Aos poucos, sua voz passou de um tom agitado para algo mais lento e emotivo. - Acho que eu só saí para ir no Rainbow Coffee; comprar o almoço; pôr o lixo pra fora; e depois para ir na floricultura, mas quando eu passei na floricultura eu fui direto para a casa da minha namorada, não cheguei a voltar até o dia seguinte.

Caso: Hannah DonfortOnde histórias criam vida. Descubra agora