Chego em casa menos cansada do que normalmente fico da caminhada. Deve ser efeito das corridas que eu tenho feito com o Miguel, ou que o Miguel tem me obrigado a fazer, mas ok.
Abro o portãozinho e fico para no jardim observando em vão o Bruno na garagem tentando consertar sua moto, de novo.
Eu: Você não desiste mesmo né? – pergunto sarcasticamente.
Ele olha pra mim, e eu consigo ver que até no seu rosto está sujo de óleo. Em sua mão tem um pano e alguma ferramenta que mexe no interior do veículo.
Bruno: Não mesmo! Não irei desistir do meu bebê. – Fala, decidido.
Reviro os olhos.
Homens e suas motos. Não entendo esse enorme amor que eles sentem por esses veículos. O Miguel é igual, só não é pior pois é quase impossível superar a obsessão do Bruno. Fora que a do meu namorado é bem melhor, aparentemente, que a do meu irmão. Em questão estética e técnica, pelo que eu pude notar em ambas.
Eu: Acho que quando ela morrer você chora. – Cruzo os braços.
Bruno: Vira essa boca pra lá. – Ele faz uma prece silenciosa e me olha de cima a baixo. – Pensando bem, você está em seu hábitat natural. O jardim! – zomba.
E eu pego a clara referência.
Poxa irmãozinho, nota 0 de criatividade por essa piada.
Anã de jardim? Sério Bruno?
Levanto meu dedo do meio, e sussurro um belo "vai se foder" antes de entrar em casa.
Quando chego lá, não encontro ninguém. Checo uma mensagem no meu celular, e vejo que minha mãe avisou que iriam passar a tarde na casa da Tia Lúcia, mãe da Luísa.
Dou de ombros e deixo minha bolsa no sofá.
Olho pra cozinha e me tédio me faz ter uma ideia um pouco estranho levando em consideração meus gostos.
Então decido fazer um bolo, que no final acaba ficando ótimo. E olha que eu fiz apenas pra passar o tempo.
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No dia seguinte, às 14:30 eu fico pronta pra finalmente me livrar daquele traste. Não tô nem aí pro que ele tem a dizer. Só quero que ele vá embora logo.
Desço as escadas com o celular na mão, respondendo o Miguel. Que pergunta se quero fazer alguma coisa agora. Respondo que não, pois vou sair.
Ele aparece digitando, e logo na minha tela chega sua resposta. "Quando você voltar então?". Mordo o lábio e pondero contar pra ele onde irei, me sinto péssima por esconder. Mas logo penso na reação dele, e provavelmente no seu surto, e talvez ele me convença a não ir. Ocasionando uma briga.
Balanço a cabeça em negação e afasto esses pensamentos. Quando eu voltar eu conto, pelo menos o pior já vai ter passado e eu já terei tirado aquele traste das nossas vidas.
Mando um "ok" e digo que quando voltar passo em sua casa.
Ele responde com um joinha em confirmação. Sorrio.
Eu amo o fato de o Miguel não ser um cara controlador e super ciumento, do tipo que se digo que vou sair, pergunta com quem, onde vou, que horas vou chegar e blá blá.
Já tive relacionamentos assim e é um porre. Apesar do meu namoro, eu prezo muito pela minha liberdade e autonomia. E tenho tudo isso com o Miguel. Se digo que vou sair, eu vou sair e pronto. Ele não faz nenhum tipo de questionamento obsessivo, e nem eu com ele.
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O Garoto do Café
Teen FictionDois jovens que se esbarram por um acaso e começam uma grande amizade com direito a segundas intenções. No que isso vai dar? Mia, uma garota carismática, personalidade forte e que causa admiração. Já no ensino médio, super louca ela não abaixa a cab...