Capítulo 59

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Júlia: Isso não vai prestar. – Diz olhando para minhas mãos.

Encaro os objetos que estou segurando e concordo internamente.

Eu: É mesmo. Mas o que eu faço então? – Questiono, um pouco confusa.

Estamos decorando a casa para o natal, hoje é dia 12, então estamos bem próximos da data esperada. A Luísa pediu ao Marco alguns enfeites para a decoração, mas só tinha coisa velha. Então estamos fazendo o que podemos no improviso, eu fiquei responsável por recortar alguns papeis com estampas natalinas em diferentes formatos.

Mas os papeis emborrachados que me deram foram os que sobraram da festa, e a maioria já tá tudo recortado e não dá pra fazer milagre com essa merda.

Júlia: A gente podia enfeitar só a árvore e tá de bom tamanho! Não precisamos de uma celebração glamorosa. – Opina, e eu sou obrigada a concordar.

São 6 adolescentes em uma casa enorme, só de pensar no trabalho que vai dar pra desfazer tudo isso quando o feriado passar, já bate uma preguiça enorme.

Luísa: Ah mas não vai mesmo! O último natal que eu pude fazer uma organização assim já faz anos. – Olho pro lado e vejo ela andando em nossa direção.

Esse povo brota do chão! Não é possível.

Eu: Então queridinha, tu pegue e faça! Eu já não aguento mais cortar isso nessas condições. – Falo, e ergo o emborrachado vermelho brilhoso em minhas mãos, para que ela possa ver do que se trata.

Seus olhos amendoados se arregalam.

Luísa: Eu pedi ao Marco os negócio que ainda dava pra usar, não esses lixos – bufa, impaciente – quer saber? Eu vou na cidade mais tarde, ver se alguém tem alguma coisa que seja útil pra usar aqui. Se ninguém tiver nada, eu vou em outra cidade e compro. Foda-se!

Reviro os olhos, e junto com a Júlia guardo os materiais em sacos plásticos, colocando em baixo do balcão.

Lavo as mãos e vou pra sala, encontrando o Edu tentando montar a enorme árvore verde, enquanto o Vitor tenta desembolar os pisca-pisca de cor branca.

Vitor: Queria muito saber como desenrola essa porra, quase desistindo já. – Resmunga irritado, enquanto dá voltas e mais voltas entre os nós.

Rio, e agradeço mentalmente por não ter ficado com essa parte.

Passo por eles e pego meu celular na estante, enquanto vou em direção ao meu quarto, mas ao escutar um barulho no quarto do final do corredor, decido mudar meu rumo.

É o quarto do Miguel.

Abro a porta, me deparando com o seu celular sobre a cama tocando insistentemente.

Olho para os lados, não o encontro. Dou e ombros e atendo o celular sem nem ver quem é.

Sou doida mesmo.

Xxxxxxx: Miguel?

É uma voz de mulher. Decido arriscar.

Eu: Ele....não está. – Digo um pouco receosa.

A voz fica em silêncio por alguns segundos.

Xxxxxxx: Quem é?

Reconheço a voz graças a um lapso de memória.

É a Melissa, mãe do Miguel.

Eu: É a Mia. – Tento ser breve, na esperança que ela não lembre de mim.

Já basta todas as merdas que ela falou pra mim naquele dia.

Melissa: Ah! A vizinha..... Por favor, avise ao meu filho para me ligar novamente.

O Garoto do CaféOnde histórias criam vida. Descubra agora