Capítulo 56 - Parte 2

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Abro os olhos assustada com um barulho, olho pela janela e vejo motivo. Tá uma chuva torrencial, com direito a trovões e raios. Mal conclui meu pensamento, e um clarão resolveu dar sinal, em forma de clarão, fazendo com que eu me assuste ainda mais. Dou um pulo da cama e quase caio, fazendo meu pé dar um leve latejo.

Xingo mentalmente e me levanto com dificuldade pra fechar a janela do quarto, pra evitar que molhe mais. Simplesmente não entendo como o clima desse lugar varia. Tava o maior sol de tarde, e agora isso.

Aproveito pra olhar a hora no celular e comprovo que são quase 1 da manhã, parece bem mais tarde devido ao tempo. Nuvens escuras decoram o céu, juntamente com uma brisa fresca. Apesar dessa enorme quantidade de chuva, o calor não dá trégua. É muito contraditório esse lugar!

Pego meu celular e vou até a cozinha buscar algum pano pra tirar essa água, aproveito também e fecho as outras janelas da casa. Mas em algum momento, um galho bate em um vidro e eu me assusto. Porque a minha mente começa a vagar pra todos os filmes de terror que os meninos fizeram a gente assistir enquanto tava aqui. E todos começavam com uma adolescente sozinha em casa, num tempo chuvoso como esse.

Pra que eu fui lembrar disso?

Meu subconsciente começa a agir quando eu começo a ficar com medo de todo barulho que eu escuto, e pra melhorar ainda mais. Outro clarão.

Estremeço e tento focar em outras coisas, vou correndo até a cozinha e pego o pano, levando de volta pro quarto.

Assim que termino o serviço, volto pra cozinha deixando os materiais onde encontrei. Ainda estou com medo, mas não vou conseguir dormir com essa chuva, que por sinal tá piorando. Decido então pegar um livro pra ler, e pra disfarçar o som, coloco meus fones e boto qualquer música no celular, no volume máximo.

Sento no sofá e ao reconhecer a música, sorrio. Esse é o tipo de música que eu menos escolheria num momento como esse, o que por sinal é bom. Já que ajuda a distrair. A escolhida é River - Bishop Briggs. Então meu cérebro oscila entre prestar atenção no livro ou na música, principalmente na letra. Que por sinal é muito boa, então pra dar mais uma descontraída eu começo a cantar baixinho.

How do we fall in love

Harder than a bullet could hit you?

Viro a página do livro, e involuntariamente meus pensamentos vão pra mais cedo. Na piscina, ao mesmo ritmo da música. Então deixo o livro de lado e começo a pensar.

How do we fall apart

Faster than a hairpin trigger?

Sorrio nessa parte da música. Me lembra muito minha relação com ele, ao mesmo tempo que subimos, caímos. Igualdade e proporção nesse quesito.

Mas ao avançar a próxima parte, escuto um barulho tão alto que nem o fone no máximo consegue disfarçar. Depois passos, como se alguém tivesse subindo as escadas. Tremo de medo.

Não pode ser, tá todo mundo na festa, quem seria doido de atravessar um torrencial desses?

Os passos começam a se aproximar eu a hiper ventilar.

Meu Deus? E se for um maníaco? Já não bastava a maldita cobra!

Me levanto e começo a vou pra cozinha, procurar alguma coisa pra me defender. Mil e uma possibilidades passam pela minha cabeça. E se for um animal?! A coisa só piora na minha cabeça. Ouço um barulho de porta abrindo, e pego qualquer coisa que esteja ao meu alcance pra me defender. No caso, a merda de uma frigideira.

Mas ok.

Os passos ficam cada vez mais perto de mim, então fecho os olhos e jogo a frigideira em direção a porta da cozinha, depois corro e me escondo atrás do balcão.

O Garoto do CaféOnde histórias criam vida. Descubra agora