Capítulo 67

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Abro os olhos com dificuldade, e sinto a conhecida queimação em minha perna. Como sempre, eu deixei a cortina aberta.

Merda!

Levanto, fecho aquela porra e me espreguiço. De acordo com o despertador, são oito horas da manhã de um sábado bem comum. Tirando o fato dessa ser nossa última semana de férias e que a partir de segunda o inferno volta. Dessa vez pior, pois seremos os veteranos. Depois de passar quase todos os sábados, e alguns domingos, ajudando meu pai na clínica, hoje é meu último dia disso também.

Vou pro banheiro, fazer minhas higienes matinais e tomar um banho. Ouço vozes no andar de baixo, e o povo já deve tá tomando café. Não tenho a menor pressa pra me arrumar e descer em seguida.

Chego na sala de jantar e vejo meus pais, o Bruno, e por algum milagre divino, a Sam. Ela deu uma sumida nos últimos dias, nem parece que quase mora aqui. Achei que ela e o idiota do meu irmão ainda estavam se estranhando, mas pelo visto já se resolveram.

Passo por eles e vou em direção a meu lugar de costume da mesa.

Lívia: Acho que te dei uma educação boa o suficiente pra saber que deveria cumprimentar as pessoas ao acordar. - Diz, ácida.

Reviro os olhos.

Eu: Bom dia pessoal! Como vocês estão? Dormiram bem? Ninguém morreu não? Que bom. - Olho pra minha mãe. - Posso comer agora?

Todo mundo na mesa ri, até minha mãe. É, como dizem por ai, a fruta não cai longe do pé.

Meu pai, olha pra nós duas e gargalha. Quase cuspindo o suco que estava tomando.

Minha mãe arqueia a sobrancelha.

Lívia: Tá rindo de que palhaço? - Questiona, com expressão dura.

Meu pai levanta as mãos em rendição. Mal começou e ele já quer desistir.

Bruno: Gente por favor, vamos manter a paz. - Intervém meu irmão.

Decido jogar algumas gotas de discórdia.

Eu: Cala a boca você também! - Digo, só pra perturbar.

Ele me mostra o dedo do meio, e eu revido.

Amo minha família! Essa é nossa forma de demonstrar afeto.

Sam: Ei, não fala assim com meu bebê! - Diz. Pela primeira vez.

Eu ia revidar, mas sou interrompida. Por alguém que quase arromba a porta ao chegar.

Abby: Cheguei família! - Anuncia, e aparece em nosso campo de visão. Com os braços carregados de malas e bolsas. - Vocês deviam consertar essa porta. Está emperrada.

Ah não!

De novo.

Reviro os olhos.

Bruno: Virou asilo aqui de novo. - Implica, roubando meus pensamentos. - Oi vovó

A Abby revira os olhos. Ela sabe bem que estamos apenas brincando. Apesar de tudo, temos muito carinho por nossa AVÓ.

Abby: Eu já disse pra não me chamarem assim. Eu não sou velha! - Fala, e se aproxima mais, sentando na mesa.

Eu: Claro que a senhora não é velha. - Digo, e completo; - É jurássica.

Ela pega uma colher e taca em mim, pegando no meu ombro, e deixando a região levemente vermelha.

Começo a rir. E minha mãe me belisca. Não foi nada demais, é só o mal de ficar com a pele marcada muito fácil.

Abby: Retardada! - mostro a língua pra ela.

O Garoto do CaféOnde histórias criam vida. Descubra agora