Me sento na arquibancada do ginásio e olho para as minhas pernas descobertas. Hoje é quarta, ou seja, educação física, ou seja, eu detesto. Além de tudo, somos obrigados a usar uniforme pra fazer essa aula. Sim, não é obrigatório usar o uniforme na escola em geral, mas pra fazer ginástica sim. Não é que eu ache isso ruim ou desnecessário (até porque seria uma porcaria fazer exercício com as roupas que eu geralmente venho, na maioria das vezes são coladas no corpo e não adequadas pra esse tipo de movimento).
Geralmente, eu e as meninas sempre fugimos da educação física, inventando desculpas pra não participar. Tipo; cólica, dor de cabeça, pedir pra ir no banheiro e não voltar mais. Graças ao fato de nossa turma ser grande, mais de 30 pessoas, ele não percebe a falta de algumas pessoas. Porém ultimamente ele tem ficado mais em cima pra que participemos.
Nelson: Alongar! Todos, sem exceção! Hoje vai ser queimado. - Ordena, e os rapazes comemoram.
Professor Nelson (ou tanque, como os alunos carinhosamente chamaram, graças a seu corpo marombado) além de professor de educação física é também o treinador do time oficial da escola, que por sinal é uma bosta.
Respiro fundo pensando na desculpa que eu vou usar pra fugir dessa vez, não vai colar nada, eu já inventei demais no último mês.
Nelson: Você também Mia! Nem adianta, eu confirmei com a secretaria, você não tem asma, muito menos problema no útero pra ter cólica durante o mês todo. - Ordena, eu me levanto e vou em direção a ele, o povo está se preparando pra jogar.
Faço cara de triste.
Eu: Professor eu estou fisicamente debilitada, esses dias eu cai da escada e torci o tornozelo. - Tento, vai que cola!
E pra garantir eu coloquei um pouco de sombra vermelha no tornozelo, pra simular um inchaço.
Pro meu azar, o professor pede pra ver, e eu engulo em seco levantando a perna. E mostrando o tornozelo.
Estou ferrada!
O Tanque revira o "machucado" e decide passar o dedo, e quando olha para seu próprio dedo vê que a sombra passou pra ele.
Mordo os lábios.
Essa foi a pior simulação de todas. Da próxima vez eu faço uma ferida mais realista.
Ele abaixa minha perna
Nelson: Boa tentativa mocinha! E pela gracinha eu vou fazer questão de ficar de olho em você, nem adianta se queimar de propósito só pra sair do jogo, hoje vai ser diferente! - Explica, e eu novamente engulo em seco. Ele sopra seu apito alto, fazendo meus ouvidos doerem – Quero três pessoas aqui.
Me junto as meninas, e após o pedido, 3 atletas se prontificaram a sua frente.
O professor olha na minha direção e sorri.
Nelson: Por que as 3 mocinhas não vêm aqui? - Pede e nos chama com a mão.
Minha prima responde.
Luísa: Estamos muito bem aqui, obrigada! - Fala, e as vezes agradeço por sermos tão parecidas, essa é com certeza uma coisa que eu diria.
O Tanque insiste.
Nelson: Venham logo! - Exclama, e não temos outra opção a não ser obedecer. - Vão liderar os times. - Diz.
Choque, essa é a definição das nossas expressões.
Júlia: Mas professor, somos péssimas jogando! - Argumenta, mas isso faz o sorriso do tanque se alargar.
Nelson: Eu sei. É por isso mesmo que eu chamei vocês. Pra vocês aprenderem a não cabularem minhas aulas! Principalmente você, senhorita Colin, - Retruca.
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O Garoto do Café
Ficção AdolescenteDois jovens que se esbarram por um acaso e começam uma grande amizade com direito a segundas intenções. No que isso vai dar? Mia, uma garota carismática, personalidade forte e que causa admiração. Já no ensino médio, super louca ela não abaixa a cab...