Claro que meus pais ficaram super putos ao saber que eu quase "espanquei" a Carol, termo esse que eu achei um grande exagero, mesmo depois dos meus milhares de argumentos sobre isso – alegando legítima defesa, ou até mesmo pra revidar as ofensas contra mim e até mesmo minha mãe – isso não apaziguou a raiva deles.
A Carol foi suspensa só por 2 dias, e eu por 4, e a mãe dela ainda queria me processar por agressão. Mas isso não traria apenas má fama pra mim, como também pra escola. Então a diretora a convenceu a não fazer isso, e que além da suspensão eu iria fazer trabalho voluntário (só que não) na escola. Eu ia trabalhar e limpar a escola nos dias que eu ficaria suspensa.
Lógico que eu fiquei super irritada. Até por que isso é uma puta injustiça, além de ficar mais tempo suspensa, eu iria fazer trabalho não-voluntário? Mas fiquei quieta em nome das minhas férias. Tive que concordar com tudo, caso contrário eu não iria pra casa de campo do Vitor, e muito menos pra Paraty, e como não queria colocar isso em risco, concordei com tudo, mesmo contragosto.
Ah, e fazer o trabalho voluntário era o meu castigo ESCOLAR, meu castigo de casa seria a semana toda sem celular, notebook e TV. Além do mais eu não poderia sair nesse meio tempo, e nem meus amigos poderiam vir aqui. Não tinha como fugir do totalitarismo da minha mãe. Nem o fato de eu ter dito que a Carol a xingou de puta ajudou. Ela estava irredutível, e mesmo meu pai sendo mais leve em relação a isso, ele a apoiou completamente
Falta cerca de um mês pra o fim do ano letivo, graças a Deus. Minhas amigas estão super animadas com a viagem, eu nem tanto.
Eu: Bruno anda logo caralho! – berro chamando sua atenção.
Ele ficou responsável por me levar e me buscar do "castigo". Coisa dos meus pais pra garantir que eu não desvie pra outro lugar. Tradução: Virei uma criança de 8 anos;
Sinceramente eu tô de saco cheio desse castigo, e ainda falta 1 dia. Hoje é quarta, e eu só volto pra escola sexta. Única parte boa disso tudo.
Meu irmão grita um "Já vou" e eu pacientemente aguardo (sqn), pego meu celular do armário escondido (já que a Maria ficou responsável por ele desde que voltou das férias a dois dias atrás) e olho a lista de contatos, olhando um em especial.
Miguel....
Não temos nos falado, desde do dia que eu o achei bêbado. Ao que parece, ele está me evitando, pois faz quase 2 semanas desde aquele dia. Não fiquei de castigo imediatamente, pois minha mãe só teve tempo de ir na escola sexta passada, então nos dias que fui pra escola pude confirmar.
Ele realmente está me evitando.
Não me procurou, e eu tampouco. Quando eu o encontrava na escola era sempre com outras pessoas – geralmente garotas – e quando ele ia falar com nosso grupo de amigos compartilhados, era sempre quando eu não estava perto. E as companhias femininas dele era sempre desagradáveis pra mim, e eu gostaria de saber qual o problema dele. Sinceramente.
Reclama que eu sou infantil, mas é só a gente brigar que vai atrás de outras né? Que sentimento é esse que evapora do nada?
Quer dizer, ele nunca disse que gostava de mim. Mas foi o que eu interpretei de suas ações, porque não dá pra interpretá-lo.
Ou será que eu estava delirando?
Ele não é transparente como eu, tudo com ele é na base da adivinhação. Tudo bem que o mistério faz parte do seu charme, mas as vezes me irrita.
Por que eu tô reclamando? Eu consegui o que queria; toda a indiferença que ele podia oferecer. E isso ficou mais concreto no dia da reunião com minha mãe, a diretora, a Carol e a mãe dela. Já que a diretora chamou ele como testemunha, até por que ele estava lá próximo e escutou algumas coisas, além de ter me impedido de dar uma surra maior nela. Mas sua indiferença me incomodou. Demais....
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O Garoto do Café
Teen FictionDois jovens que se esbarram por um acaso e começam uma grande amizade com direito a segundas intenções. No que isso vai dar? Mia, uma garota carismática, personalidade forte e que causa admiração. Já no ensino médio, super louca ela não abaixa a cab...