Capítulo 54

86 12 4
                                    

Termino meu banho na maior calma do mundo. Hoje fazem quase duas semanas que chegamos aqui. Falta muito pouco tempo para o Natal, e eu e as meninas já estamos começando a fazer os preparativos aqui, será tudo simples, e aqui na casa mesmo, mas vamos ver algumas comemorações e queima de fogos na cidade. Porém antes disso vai ter a festa de aniversário da cidade, e lógico que estamos super animadas com a ideia.

Vou em direção ao quarto estranhando o silêncio desse lugar, geralmente não é assim. Sempre tem algum discutindo e brigando, som de televisão e vídeo game. Dou de ombros e ajeito a toalha em meu corpo.

Abro a porta do quarto e vou direto para o meu armário escolher alguma coisa simples e fresca, aqui faz muito calor. Principalmente essa hora da manhã. Me viro pra ir em direção a cama, mas me assusto e grito ao ver alguém deitado nela e quase deixo a toalha cair.

Eu: MERDA! – Grito ao ver o Miguel deitado na cama. – O que você tá fazendo aqui?

Miguel: Te esperando. – Fala, ainda sem me olhar. Sua postura em minha cama é relaxada, com as pernas cruzadas e braços atrás da cabeça.

Aperto mais a toalha em meu corpo e ele se senta na cama olhando pra mim.

Eu: E por que entrou no meu quarto? Não sabe esperar lá fora? – Grito novamente quando vejo seus olhos percorrem meu corpo coberto apenas por uma toalha branca. – E tava me esperando pra que?

Miguel: Se você parasse de gritar eu agradeceria muito! – Diz, e eu reviro os olhos. – Eu vou te levar na cidade a pedido da Luísa, todo mundo já foi. Mas a madame acordou tarde e não sobrou ninguém pra te levar, eu também acordei a pouco e a única explicação que eu recebi foi uma mensagem me ameaçando caso eu me negasse a ir, e pedindo pra gente não se matar no caminho. – Explica

Passo a mão pelo cabelo molhado e bufo.

Eu: E por que você?

Dessa vez, ele é quem revira os olhos.

Miguel: Eu já disse, eu também acordei a pouco tempo e não tive opção. – Responde se levantando e guardando o celular no bolso.

Eu: Você tinha opção sim, podia ter se negado. Se me lembro bem, você disse que não é controlado por ninguém. E não vejo alguma outra explicação pra você ter decidido "ajudar" justamente a mim. – Faço aspas com as mãos.

Sua expressão é calma e tranquila, e seus olhos me analisam.

Miguel: Eu estava me sentindo caridoso. – Dá de ombros.

Dessa vez sou eu que o encaro, e ele também o faz. E ficamos nisso por alguns segundos que parecem incansáveis. É bom olhar pra ele sem sentir que seus olhos querem me fuzilar a cada instante.

Eu: Será que você poderia sair pra eu me trocar? – Peço, e ele dá de ombros novamente.

Miguel: Não me incomodo. – Diz relaxado. – Na verdade, essa visão é muito agradável.

Ao dizer isso, senti novamente seu olhar em mim. E não pude evitar o arrepio na espinha com sua fala.

É impressionante como, mesmo depois de tudo, ele ainda mexe comigo.

Eu: Babaca! – Xingo, e ele sorri. Parecendo nostálgico.

E eu me contagio com isso, me lembrando do tempo em que tudo era mais tranquilo. Não categorizo como fácil, porque as coisas entre a gente nunca foram fáceis. Mas pra mim, isso era a melhor coisa.

O levo até a porta e aproveito pra trancá-la. Não quero mais surpresas por hoje.

Visto a roupa que eu escolhi e pego uma chinela. Calor demais pra usar tênis. Penteio o cabelo molhado, com o calor que tá, nem precisa do secador.

O Garoto do CaféOnde histórias criam vida. Descubra agora