Capítulo 49

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Me reviro na cama pela milésima vez.

O sono não vem. Minha mente parece não estar aqui, e sim no quarto ao lado. Olho as horas no celular....01:27 da madrugada.

Desde que deixei o quarto do meu irmão com nosso hóspede, não consigo parar quieta; Tomei banho, jantei qualquer coisa, assisti um pouco e fui dormir.

Ou melhor, tentar dormir. Uma tentativa muito falha, pois desde que me deitei, não preguei olho. Pensei um monte de coisas, como por exemplo; a minha enorme covardia, o meu trouxismo, e percebi o quanto eu gosto dele. Mais do que pensava, mais do que consegui imaginar.

Bufo.

Será que ele dormiu? Ou ao menos comeu?

Coração e consciência dizem pra eu checar, então vamos lá.

Levanto da cama ainda no escuro e calço minhas pantufas. Abro a porta do meu quarto indo em direção ao quarto do Bruno.

A porta está entre aberta, e a luz apagada. Mas consigo ver uma sombra na poltrona. Acendo a luz.

Ele está exatamente como eu deixei, sentado na poltrona abraçando as pernas e olhando pro nada, com olhar perdido. Olho pra escrivaninha, tudo parece intocado.

Ele não comeu.

Suspiro entrando totalmente no quarto, ele nem olhou pra mim.

Será que ele tá magoado comigo? Ele falou alguma coisa relacionada a mim quando tava bêbado.

Mas era isso que eu queria né? Faze-lo me odiar e se afastar de mim?

Balanço a cabeça, tentando me livrar desses pensamentos por enquanto. Agora tenho que me concentrar na estátua em minha frente.

Pego o remédio e o copo de água estendendo a sua frente. Ele nem se mexe.

Eu: Você tem que tomar! – ele olha pra mim dessa vez. Aleluia! – Vai ser pior depois.

Ele pega o comprimido da minha mão e põe na boca, depois bebe metade da água do copo. Me sinto um pouco melhor, e coloco o copo de volta na bandeja. Depois me sento na cama, que é ao lado da poltrona onde ele tá.

Eu: Quer conversar? – ele não responde, mas insisto. – Me contar o que houve?

Ele finalmente reage.

Miguel: Te contar não vai adiantar nada. – Ouço sua voz rouca, muito baixa, num fio de voz.

Ele ainda permanece imóvel. Tá, isso tá começando a me assustar.

Não é o Miguel que eu conheço!

Eu: Talvez eu possa ajudar. – Ponho as mãos entre as pernas num claro sinal de nervosismo.

Ele finalmente sai do modo estátua e passa as mãos pelo cabelo bagunçado. Logo percebo duas manchas escuras abaixo dos seus olhos; olheiras. A quanto tempo ele não dorme?

Miguel: Não tem como ajudar – suspira – ninguém pode!

Umedeço os lábios.

Eu: Eu posso tentar. – Digo baixinho.

Ele fecha os olhos e suspira novamente. Dessa vez se vira pra mim pra falar.

Miguel: Não é da sua conta, mas eu vou te contar mesmo assim pois sei que não vai desistir. – Fico quieta. – Meu pai.... trai minha mãe.

Assim que ele diz isso meus olhos se arregalam. Ok, a Melissa foi uma vaca comigo, mas ela não merece isso. Acho que ninguém merece na verdade.

Eu: Meu Deus! – Tento conter minha perplexidade pra não piorar as coisas. – Eu sinto muito! Você tem que contar pra ela. Isso não é.....

O Garoto do CaféOnde histórias criam vida. Descubra agora