Capítulo 47

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Bato os dedos na carteira impaciente, nunca quis tanto férias como agora. Talvez por eu não aguentar ficar parada muito tempo, e sinceramente esse é basicamente o roteiro dos últimos dias. Fiquei um pouco na minha por um tempinho, mas é claro que eu não deixei o ocorrido parar minha vida, tampouco insisti em pensar naquilo.

Automaticamente bufo, sem ter controle sobre minhas ações.

Como se eu conseguisse fazer isso.

Já deve ter por volta de 1 semana daquele dia, ele não me procurou, talvez por orgulho, e eu muito menos. Até porque não sou uma retardada, que explode uma bomba, e depois vai lá juntar os resquícios.

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Neste momento, estamos nós no intervalo, eu só escutando meus amigos tagarelarem sem parar, sem o menor ânimo pra nada.

Júlia: Então, temos que ver pra onde vamos nas férias. - Comenta, comendo suas batatas.

Reviro os olhos por aquilo.

É quase que uma tradição da gente. Desde o ginásio, quando a maioria deles moravam aqui, antes da mudança.

Começou comigo, a Luísa e a Júlia; nas férias, nos sempre passávamos parte delas juntas. As férias, e pelo menos um feriado de final de ano. Preferencialmente a virada de ano.

Mesmo quando elas moravam no interior (a Luísa com a família, e a Júlia com a mãe, já que os pais dela são divorciados), depois resolveram voltar pra cá.

Luísa: Verdade - concorda - onde vai ser esse ano?

Edu: Temos que inovar dessa vez, uma coisa diferente – opina pensativo.

Mais alguém se pronuncia.

Vitor: Tenho uma ideia! - se prontifica – que tal irmos pra casa de campo do meu pai? A qual sempre escapávamos Ju. - Explica, e pisca pra sua namorada.

A mesma parece entrar em transe com uma pequena expressão de nostalgia.

Júlia: Bons tempos. - Diz e morde o lábio.

Edu: Não estraguem minha inocência! - Comenta com uma expressão como se estivesse ofendido.

Resolvo me pronunciar, até então eu permanecia calada.

Eu: A qual mesmo? - Ergo uma sobrancelha em deboche.

Confesso que sempre fui um pouco implicante, mas hoje eu estou um verdadeiro porre.

Luísa: Você tá sem condições hoje né? - Pergunta. - Nunca vi tanta bipolaridade.

Dou de ombros, ignorando completamente sua fala.

Vitor: Será que é falta de alguma coisa? - Sugere pensativo, em seguida põe a mão no queixo e continua sua fala. - Ou melhor, de alguém.

Assim que diz isso olha em direção à cantina, onde uma certa pessoa está.

Não discordo completamente dele, admito que sou insuportável, mas o Miguel apaziguava um pouco a situação. Acho que devia ser por que ele me irritava de um jeito diferente, suas provocações e piadinhas não me deixavam com raiva, mas sim sorrindo igual a uma besta pro nada.

Meus amigos também perceberam isso, apesar de manterem a imparcialidade entre nós, levando em conta que ambos compartilham as relações de amizade. Contudo, não são idiotas a ponto de não notarem nossa grande e lenta aproximação, e todo o processo de tolerância um com o outro, graças a grande diferença de gênios, e também o repentino afastamento daqueles que, até então, viviam grudados.

O Garoto do CaféOnde histórias criam vida. Descubra agora