Capítulo 73

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Abro os olhos desnorteada com o despertador. Nem acredito que hoje já é segunda. O domingo passou voando, e a minha paz também.

Levanto, desligo o alarme e esfrego os olhos. Sem querer, meus olhos miraram na minha correntinha com o M&M cravado nela. Suspiro, e olho pra varanda. Está sendo mais difícil do que eu esperava, não falei com ele ontem em nenhum momento, nem mesmo uma mensagem. Estou dando o tempo que ele precisa pra organizar seus pensamentos. Se ainda não for suficiente pra ele mudar de ideia com relação a esse ódio....bom, ai teremos que arrumar outra solução. Não gosto de vê-lo com esse desprezo no olhar.

Afasto esses pensamentos no banho, e bloqueio qualquer tipo de brecha que eles possam encontrar.

Termino o banho rapidamente e com a mesma destreza me visto. Penteio e amarro meus cabelos em um rabo de cavalo frouxo e pego minha mochila. Minha pressa hoje é maior pois eu não tenho carona. Com certeza o Bruno deve tá no vigésimo sono, e o meu pai já saiu. Minha mãe ainda está aqui, mas não pode me levar pois seu consultório é do outro lado da cidade, se ela fizesse o desvio pra me levar com certeza se atrasaria, mas ela já é atrasada por natureza.

Engulo rapidamente um misto quente e olho as horas, quase 07:45. Decido chamar um Uber logo pra adiantar. Acabo minha refeição, pego a mochila e ponho alguns lanches dentro e vou pra frente de casa esperar meu transporte.

Quase 8 minutos depois e o táxi ainda não chegou.

Bufo.

É um saco ficar esperando transporte e pedindo carona. Espero que quando eu fizer dezoito, daqui a alguns meses, meus pais me deixem tirar a carteira e usar o carro. Não aguento mais essa vida.

Olho pra casa da frente e vejo que a enorme moto não está ali.

Ele já deve ter ido.

Balanço a cabeça afastando novamente esses pensamentos. Parece que passou 1 mês, e não 1 dia.

As coisas vão se normalizar. Espero eu.

Mal concluo o pensamento e vejo que o Uber chegou. Suspiro aliviada e entro no carro.


.....................


TRÊS MINUTOS pros portões da escola fecharem, e o carro ainda está virando a penúltima esquina antes do destino final.

Que merda. Justamente hoje eu venho com um motorista lerdo! Cruzo os braços e balanço a perna impaciente.

Em outras ocasiões eu não me importaria de chegar atrasada, na verdade, eu nunca me importei. Mas acontece que eu já estou na corda bamba com a diretora por causa do incidente do ano passado – que por sinal ela parece não conseguir esquecer – e ela tá pegando demais no meu pé. E dificilmente aquela maldita inspetora vai relevar meu pequeno atraso. Respiro fundo e tento ser paciente.

O motorista parece perceber minha inquietação, pois acelera um pouco, nos fazendo chegar mais rápido em frente a instituição. Pago-o e agradeço por ele finalmente ter se tocado, embora seja um pouco tarde demais.

Arregalo os olhos quando o porteiro aparece em meu campo de visão com as chaves na mão, prestes a selar a porta. Corro, o mais rápido que posso, e passo no batente do portão quase ao mesmo tempo que sua mão encosta na fechadura.

Ele solta um "quase" e sorri. Sorrio também e volto a correr pra entrar na sala antes do sinal tocar. Olho pro outro lado e vejo a professora se dirigindo a sala, acelero o passo. E de novo, consigo chegar e sentar antes do sinal tocar. No segundo seguinte, ele toca e a professora entra na sala.

O Garoto do CaféOnde histórias criam vida. Descubra agora