Capítulo 27- Sua Dama, Esperta.

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~Narrador~

No escritório de Ciel, foi encontrada uma carta criptografada, os códigos estranhos preenchiam duas folhas de papel inteiras, só eram interrompidos na assinatura de Vicente Phantomhive.

~Ciel~

Eu estava com Lizy na sala de jogos, quando encontrei uma pequena caixinha no meio de alguns papeis escondidos em uma gaveta, com um pouco de sacrifício consegui abrir, dentro havia um baralho, as costas das cartas eram negras e os desenhos nelas eram diferentes dos que eu já tinha visto, não dava para deduzir como se jogava aquilo, aos poucos eu me via absorto em uma imensa curiosidade, por isso fomos a biblioteca em busca de algum livro que nos explicasse como se jogava.

Assim que entrei meus olhos foram atraídos pela misteriosa mesa de madeira e mármore, pedi para Elizabeth procurar nas estantes enquanto eu fingia procurar algum livro sobre o tema na mesa. Não fazia ideia do que podia encontrar e aquilo me deixava nervoso, passava os olhos pelos papéis que achei em uma gaveta, ao colocar de volta percebi o fundo oco da gaveta, com a ajuda de uma caneta abri o fundo falso.

Dentro tinha duas folhas de papel preenchidas com desenhos e símbolos dos quais eu nunca tinha visto, o pior é que não se parecia com nada que Sebastian já tenha me falado, ao virar o verso reconheci a assinatura do papai. As marcas presentes na carta me chamaram a atenção, a tinta era tão negra e brilhante, parecia que tinha sido escrita naquele mesmo instante, tinha a impressão de que se tocasse eu poderia manchar a ponta dos meus dedos com a tinta fresca.

O que papai tem haver com isso? Por que escrever uma carta assim? O que ele tinha em mente? Qual é o sentido de tudo isso?

Enquanto me afogava em um mar de perguntas não percebi que Elizabeth se aproximou sutilmente e também encarava a carta com curiosidade, só notei sua presença quando ela esticou o braço e apontou para escritos, dizendo:

- Eu reconheço alguns desses símbolos, são de uma civilização muito antiga que morou ao leste depois do Pacífico, aos arredores do mar vermelho.

- Então você consegue ler?- pergunto ansioso pela resposta.

- Conheço os símbolos pois Clara me mostrou alguns durante nossas aulas, mas ela não me ensinou o que significam nem como se lê, disse que a essa altura do campeonato eu não precisava saber já que não teria utilidade.- me responde Lizy com um toque de tristeza em sua voz.

- E esse mar vermelho, é o mesmo que a tem na...?

- Sim. - me interrompeu já sabendo do que se tratava.

- Sebastian!- chamei.

Ele abriu a porta e entrou como um raio, fez uma reverencia.

- Do que precisa jovem mestre?.

- Chame Clara para mim, diga que tenho pressa.

A princípio vejo muitas dúvidas em seu olhar, mas como sempre ele me obedeceu. Estava sem muita paciência, por isso ofereci meu braço a Lizy para que fôssemos ao encontro deles.

Ao chegar na escadaria me deparei com Clara de braços dados com um homem que nunca vi na minha vida, um desconhecido na minha propriedade é inaceitável.

- Quem é você?- perguntei um pouco alterado.

- Sou um simples cocheiro meu senhor.- responde o loiro.

- Qual seu nome?

Ele tira o chapéu e faz uma longa reverencia dizendo:

- Calebe, seu humilde servo.

Pelo menos aquele homem tinha modos, por mais que me agrade a sua submissão tenho que descobrir o significado da carta.

- Era apenas isso, pode ir.

Antes que o homem se vá junto com Clara, Elizabeth toma a liberdade de chamá-la:

- Clara pode vir conosco apenas por um instante?

- Sim, senhora.- disse a morena.

Clara pode ser um demônio, mas, ela é muito diferente de Sebastian, ela tem mais carisma em seu olhar enquanto os olhos de Sebastian são frios, apenas as mulheres que se apaixonam por ele não percebe o quanto ele é calculista, mas Clara também não é tudo que demonstra, desde que a conheci quero fazer cair aquela máscara sólida, e me deslumbrar com a verdadeira Clara que existe por baixo de tudo aquilo. MAS O QUE EU ESTOU PENSANDO? POR ACASO ESTOU LOUCO? NEM EM SONHO POSSO FAZER ALGO ASSIM!!!

- Ah, minha cabeça dói muito.- reclamei baixinho, mas o suficiente para Lizy ouvir.

- Quer que Clara pegue algo?

- Não se preocupe comigo, é só cansaço.

- Se meu amor diz.- respondeu ela, para depois se esticar e pousar um beijo em minha bochecha.

Elizabeth mostrou os papéis, Clara passava os olhos minuciosamente por cada traço.

- O que eu ganho traduzindo isso?- perguntou a morena me pegando de surpresa.

- O que deseja em troca?- perguntei desconfiado.

- Eu quero ter posse de Sebastian.

- O que?- disse impulsivamente.

Elizabeth não conseguia esconder a vermelhidão no rosto ao perceber as verdadeiras intenções de Clara. Eu respirei fundo e acenti.

- Terá o que pediu, apenas se traduzir corretamente toda a carta.

Clara se sentou na cadeira, pediu papel e uma caneta, e logo começou a escrever, eu via suas mãos trabalharem com agilidade e precisão, parecia que estava desesperada para ter acesso ao prêmio, embora minhas conclusões fossem essas o rosto da morena era sério, sem nenhuma expressão que denunciasse seus sentimentos.

Menos de meia hora depois ela me apresenta o papel com a tradução, não pude ignorar como a letra de Clara era bonita, eu esperava que aquilo saísse como um garrancho ilegível devido a velocidade que suas mãos se moviam.

- Posso ter Sebastian?- perguntou Clara.

Fiz um sinal com a mão direita dizendo para ela sair.

- Pode, pode.- disse sem tirar os olhos do papel.

~Narrador~

Clara desceu as escadas, pegou o paletó de Sebastian e o arrastou para um canto aonde abriu um portal, e o puxou para dentro.

Calebe olhou a cena sem dizer uma palavra, assim que os dois passaram para o inferno e o portal se fechou Calebe soltou uma sonora gargalhada e saiu do salão rindo.

Debaixo do céu estrelado ele se deitou na grama e admirava as constelações, Calebe mais uma vez sorriu e disse:

- Sebastian tirou a sorte grande de estar ao seu lado, se ele não for o escolhido ficarei severamente desapontado, estou apostando todas as fichas nele, que não se decepcione essa noite maninha.

Por ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora