Capítulo 54- Sua Condessa, Minha Noiva.

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Alois amassa a carta lentamente, olhou para o céu iluminado apenas pela Lua que insistia em brilhar mesmo coberta por nuvens e sussurrou baixinho para si mesmo:

- Eu não vou deixar.

- Perdoe-me pela intromissão mestre, mas me diga, por que faz questão de casar com uma senhorita comprometida há anos?- perguntou Claude deixando sua curiosidade falar mais alto naquele momento.

Alois suspirou profundamente e depois sorriu, para ele aquela era uma pergunta extremamente estúpida, afinal, pelo menos aos seus olhos, a resposta era mais do que óbvia.

- Me uni ao negócio de Elizabeth pois senti que muito em breve teria que abrir mão de alguns luxos por falta de dinheiro, com o passar do tempo me tornei mais próximo a ela do que eu esperava e depois da visão que Clara me proporcionou... Independente do motivo Claude, eu a terei ao meu lado.

Claude virou-se para a porta, entretanto, antes de sair de cena ele lançou seu olhar sombrio ao seu mestre e, com sua habitual frieza, disse:

- A visão que ela proporcionou só foi possível pois lhe faltava um olho, foi uma previsão, seja lá o que o senhor tenha visto de tão impactante irá acontecer sem dúvida nenhuma.

Alois levantou em um pulo, com um sorriso pretensioso nos lábios ordenou a organização de uma festa digna da realeza, independente dos gastos o jovem queria impressionar sua amada. Quando Claude anunciou a tarefa para os outros empregados, o espanto foi inevitável, era a primeira vez que Alois demonstrava interesse em alguém por mais de duas semanas, e o mais impressionante era sua disposição para agradar a condessa comprometida.

Os convites foram entregues de última hora, os preparativos foram corridos e em poucos minutos o salão já estava pronto para receber os convidados.

Naquele final de tarde Elizabeth passeava pelas ruas com Ciel, sem palavras ambos aproveitavam a companhia um do outro, mas Lizy sentia a diferença entre Alois e Ciel, sentia a frieza que permanecia entre ela e o moreno, o calor dos braços do loiro que a envolveu dias antes pareciam frescos em sua memória, porém logo se lembrou das palavras de sua dama de companhia e tratou de afastar seus pensamentos inapropriados.

Ciel sentia o peso da culpa em seu interior, pois também conheceu uma jovem moça que, embora não conseguissem trocar meras palavras por não falarem o mesmo idioma, era a dona de seus pensamentos, entretanto o jovem conde não estava nem um pouco disposto a ameaçar a estabilidade de seu noivado por alguém que só viu uma única vez.

Clara de repente aparece como um vulto negro atrás dos dois que automaticamente se assustaram, a mulher com toda a calma disse:

- Devemos retornar para casa senhora, ainda há assuntos muito importantes aguardando sua devida atenção- a morena balançou algum papel em mãos, como quem faz um sinal secreto para que apenas Elizabeth entendesse.

Assim que viu o papel ela se despede do noivo e puxa Clara para a carruagem, a morena ainda entra na mansão e ao retornar tem seu filho nos braços, entraram na carruagem juntamente com Spike e seguiram em direção a mansão Midford.

Dentro da carruagem Elizabeth já lia todas as palavras escritas naquele convite, Ciel entrou em casa desconfiado, chamou Sebastian e tratou de pedir explicações:

- Clara lhe contou sobre a carta que Elizabeth acabou de receber?

- Ela me disse que era um convite para uma festa.

- Festa? De última hora?

- Sim, tendo Alois como anfitrião.

- Eu não fui convidado? Me traga um convite Sebastian, não me importo com o seus métodos, apenas traga o!

- Yes my Lord.

Em seguida o mordomo sumiu na escuridão, alguns minutos depois o demônio retornou com o pedido de seu mestre em mãos, Ciel se aprontou, entrou em sua carruagem e seguiu em direção a festa de Alois.

Apesar de tudo o salão estava cheio, Ciel procurou enlouquecidamente pelo anfitrião, estava pronto para descontar toda a sua raiva na cara de Alois, logo achou o loiro sentado em uma mesa com um rosto entediado, porém o jovem conde não conseguiu dar mais que dois passos em direção ao loiro pois logo trombetas soaram, e Elizabeth foi anunciada de uma maneira nada discreta.

As portas se abriram, todos os olhos foram colocados na condessa que se esforçava para esconder o rosto vermelho, Alois se levantou da sua mesa e correu na direção de Elizabeth, quanto mais perto mais lentos se tornavam seus passos, cumprimentou a moça, que em resposta sorriu suavemente, Clara se abaixou e sussurrou no ouvido de sua senhora:

- Não se mova.

Alois estendeu a mão a convidando para dançar, Clara olhou rapidamente para o conde que vinha repleto de ódio tirou a espada da cintura, Claude também previu os próximos acontecimentos e ao mesmo tempo Clara e Claude puxaram seus senhores para trás, em seguida a espada de Ciel passou entre os nobres, o moreno apontou sua arma na direção de Alois que sorria com afronta.

- Quem você pensa que é?- perguntou o moreno furioso.

- Ciel, acalme-se.- pediu Elizabeth.

A orquestra parou, no salão silencioso apenas o grito de Ciel foi ouvido:

- Quieta Elizabeth!

Todos se amontoavam para presenciar a confusão, alguns preocupados com a agressividade de Ciel, outros preocupados com o fato da briga possivelmente resultar em uma fatalidade, mas todos os convidados torciam para o rompimento daquele noivado.

- Porque se atreve a gritar com ela? Ela não fez nada de mal, é apenas uma pequena festa que fiz para comemorar a nossa parceria, a qual devo admitir eu não o convidei.- Manifestou-se Alois.

A surpresa foi geral e os olhos estavam em Ciel que estava nervoso demais para ficar constrangido.

- Não me importo com quais desculpas você usa para ver a minha noiva, nem tão pouco como planeja forçar momentos á sós com ela, todavia me importo com as cartas românticas que você escreve para ela, com as flores que você mandou, apenas entenda que ela é a minha esposa! Conforme-se!- e com um largo sorriso o conde completa- Ela me ama!

Alois soltou uma sonora gargalhada, exageradamente alta e longa, depois olhou para Ciel e debochou:

- Tens certeza?

Ao ouvir o questionamento do loiro, Lizy sentiu seu coração acelerar só de pensar que Alois poderia revelar sobre o beijo e o quanto ela estava entregue em seus braços, seus olhos lacrimejaram e lágrimas ameaçaram cair, porém ela as conteve. Clara olhou para Alois ameaçadoramente, o loiro estremeceu, mas permaneceu firme em sua posição e continuou seus questionamentos:

- Elizabeth querida- Ciel levou sua espada ao pescoço do rival, que continuou como se as ameaças de Ciel não representassem perigo- você está assustando ela.

Ciel olhou para Elizabeth que enxugava as lágrimas, largou a espada, foi em direção a sua noiva, porem ela abraçou Clara, a morena por sua vez lançou um olhar assustador para ambos os rapazes pegou Elizabeth no colo e seguiu a passos apressados para a saída da mansão, percebendo, finalmente, seu erro Ciel não pensou duas vezes e correu atrás de Clara.

A festa ainda continuou por mais meia hora e depois Claude foi ordenado a expulsar todos da mansão Trancy, enquanto isso Alois descontava sua frustração nos móveis e na decoração de seu quarto, quando finalmente sua energia se esgotou por completo ele adormeceu sentado na escrivaninha. Assim que o dia amanheceu ele enviou uma carta para Elizabeth.

Por ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora