Por Ela

Capítulo 28- Uma Prova de Amor.

~Peter~

Assim que entramos no salão vimos o corpo de Calebe caído no chão, eu não sei exatamente o que aconteceu, a única coisa que eu posso fazer no momento é torcer para que ele esteja bem. Os olhos de Clara fuzilaram Winter que ainda conservava o seu sorriso debochado.

Clara automaticamente gritou:

- O que você fez?!

- Apenas o necessário, querida mamãe. - disse Winter como se aquilo não fosse nada.

Sua frieza era espantosa, porém compreensível, aquilo não representava nada para ele.

Eu havia entrado ali, naquele grande salão de festas, com a intenção de proteger Clara a todo custo, porém eu não pude segurá-la ela havia perdido o controle completamente, Winter, até mesmo ele estava espantado em ver a mãe com tanta sede nos olhos. Ele sentia que estava por um fio e que dali não sairia vivo.

Spike não fez nada, parecia  ansiar por aquilo, de fato é inegável que a morte daquele ruivo fosse tentadora, já era esperado há mais de séculos o final daquele pesadelo.

Porém desde que ele foi selado Clara abriu mão de ser um anjo de guerra, ela não queria mais lutar, e agora eu a vi se transformar em uma criatura sádica, uma fera incontrolável cujo o único prazer se limitava a ver sua presa morta.

Com apenas suas próprias mãos, Clara não usou magia para atacar o Winter. De repente o ruivo murmura:

- Agora Spike.

Vi os olhos de Spike se tornarem vermelhos e mesmo se esforçando para se manter parado ele avançou, eu sabia o que aconteceria em seguida, meus pés se moveram por vontade própria, me colocando entre Spike e as costas de Clara, as imagens a partir daquele momento se tornaram flashes embaçados.

A adaga atravessando meu tórax, a surpresa nos olhos de Spike, alguns barulhos e vozes gritantes ao fundo, meu corpo colidindo contra o chão, o teto aonde o grande lustre brilhava, mais pessoas se aproximando, meus olhos pesados se fecharam, eu sentia a dor aumentar e com ela vinha a certeza do fim.

Sem arrependimentos senhor Peter?- perguntei a mim mesmo- As mentiras que contei, talvez se Clara soubesse da verdade, poderíamos ter ficado juntos... Não, não podíamos, ela não teria realizado seu sonho de ser mãe se tivesse se casado comigo, provavelmente sofreria muito mais nessa situação. Então a resposta é não, não tenho arrependimentos...

Talvez só um, o de não ter beijado Clara todas as vezes que eu pensei em fazê-lo. É verdade, mas posso morrer com isso.

Um toque gelado sobre a pele do meu rosto, sentia mãos quentes estancando o sangramento. Porque essas pessoas estão se dando ao trabalho?

Eu me forcei para abrir os olhos e pelo menos encarar o rosto da pessoa que trabalhava em vão, como um idiota. Para a minha surpresa vi o rosto de Clara aos prantos, logo uma luz forte me cegou e quando recobrei a consciência eu já não estava mais no salão.

No lugar do piso de mármore havia uma gama fofinha e ao meu lado, aonde era para estar Clara, tinha um garotinho que me encarava feliz.

- Você acordou!- comemorou ele.

- Aonde eu estou? Quem é você?- perguntei enquanto me sentava na grama.

- Eu... Eu ainda não tenho um nome, mas certeza que a minha mamãe me dará um bem bonito!- respondeu ele sorrindo de orelha a orelha.

Que garotinho bem humorado, eu não sabia que os demônios podiam ir para o céu, ou que sequer tinha vida após a morte para nós.

Tive medo de ser indelicado, porém a curiosidade falou mais alto.