Capítulo 22- Sua Dama, Surpreendente.

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~Peter~

Suspiro profundamente, precisava esfriar a cabeça de algum modo, organizava os papéis da fábrica de Elizabeth enquanto ela lia alguns relatórios, repentinamente ela levanta o olhar e passa a me encarar enquanto realizo o meu trabalho, Lizy solta o lápis sobre a mesa e diz:

- Peter, o que está acontecendo?

- Como posso lhe contar se nem eu mesmo sei?

- Comece por me dizer o que lhe incomoda.

- Ah Condessa, é Clara, antes de sairmos para a igreja no centro, disse a ela que amava Mey-Rin.

- A criada de Ciel?

- Sim, mas há um porém, eu menti, nunca senti nada pela tal moça.

- E por que mentiu?

- Porquê Clara parece tão feliz com Sebastian, é normal para mim que priorize a felicidade dela acima da minha.- confessei.

- Já tentou perguntar para ela o que ela sente por você?

- Não.

- Tenta, assim você terá uma visão mais clara do que você sente por ela.- Aconselhou ela.

- Tem toda a razão senhora, hoje mesmo irei até aonde Clara está e farei essa pergunta.

- E aonde ela está?- pergunta Elizabeth.

- Na mansão Tranci.- disse impulsivamente.

- Então vamos até lá agora, quero saber o que ela tanto faz lá.

- Não, não faça isso, Clara me matará se descobrir que eu lhe contei.

- Mesmo assim eu vou, mas não hoje, estou lotada de trabalho, mas amanhã irei sem falta.

Suspirei aliviado com a decisão dela.

~Clara~

A cada dia que passa me vejo mais perto de mandar alguém ir para o inferno, ontem Alois convocou uma reunião com todos os moradores da mansão e é claro que fui obrigada a comparecer, achei que fosse algo de extrema urgência, mas não, era apenas para saber se Alois ficava bem com as roupas de Hannah. Desde que entrei aqui cada dia essas pessoas descobrem um jeito novo de testar a minha paciência.

Desde que o dia amanheceu estou aqui a espera da nova presepada que vão me meter, aguardo sentada na poltrona observando as flores murcharem por falta de água ou luz, quando a porta se abre revelando Alois e Claude logo atrás.

- Clara-chan!

- O que foi dessa vez?

- Soube que um dos seus poderes é ver o que as pessoas secretamente almeja.

- Certo.

- Queria testar.

Eu devia adivinhar que ele me pediria algo assim.

- Você quer ver o que realmente precisa para ser feliz?

- É um brinde?

- É a função verdadeira.

Sim eu posso fazer os dois, mas quero ver a reação dele quando terminar.

- Apenas olhe no fundo do meu olho esquerdo, e não desvie o olhar.

- Por que?

- O último homem que fez isso delirou por três dias, teve febre e uma tremedeira incontrolável para depois morrer.- Disse friamente.

Ele faz o que eu pedi, eu me aproximei ao máximo, a visão que ele teve foi dele mais velho dançando com uma moça, os cabelos dela eram loiros modelados em cachos perfeitos, os dois riam, ele gira a moça e são revelados olhos iguais a esmeraldas grandes.

Confesso que fiquei pasma quando percebi que as feições da moça eram iguais a de Elizabeth. Alois saiu sem mais nem menos,seu mordomo foi logo depois e eu fiquei ali pálida enquanto minha mente parecia um turbilhão.

Não demorou para que a noite chegasse e com ela o frio, sentada na poltrona fitava as flores, assim era meus dias, uma surpresa de Alois e o restante do tempo eu passava encarando aquelas flores quase murchas.

- Senhora?- falou Peter me trazendo de volta a realidade.

- Peter?..- perguntei quase não acreditando nos meus próprios olhos.

- Senti saudades.

- Ah meu diabinho, não sabe o alívio que sinto por você estar bem.

- Tenho uma pergunta a te fazer.

Permito com um aceno de minha cabeça, ele demora um pouco para falar, como se procurasse coragem ou as palavras certas para me dizer.

- O que sentes por mim? Por favor seja sincera pois estou pronto para ouvir a resposta.

- Peter, sem nenhuma sombra de dúvida você é muito especial para mim, temos uma história que nem o tempo pode apagar, mas devido ao que me falou sobre seus sentimentos por..

Ele me interrompeu frustrado.

- Ora, esqueça Mey-Rin, apenas me diga se me ama.

Olhei para ele confusa, não sabia porque daquela frustração repentina.

- Eu menti, não amo ela, tudo aquilo que disse eu só sinto por você. Cada dia mais necessito de ter seu corpo contra o meu, necessito do seu beijo com sabor de morango, quero poder olhar as estrelas ao seu lado, quero te ter em meus braços, cada batida do meu coração é sua, cada suspiro que dou é por ti.

Aquela declaração mudava tudo, sempre tive a imagem de que Peter fosse um demônio pervertido e conquistador, que só estava preso a mim por dó. Agora ele acabou de revelar que me ama.

Senti um frio na barriga, eu sempre repudiei aquela sensação que naquele instante me dominava completamente.

Sem dizer uma palavra sequer me aproximei do vidro, meu corpo se movia por vontade própria e eu não conseguia conter o emaranhado que ia se formando na minha garganta impedindo a saída da minha voz. Ele fez o mesmo, quando minha mão tocou o espelho ele atravessou a dele, segurou o meu pulso e me puxou para fora, meu coração batia ferozmente a medida que ele afastava meu cabelo, se inclinou em minha direção ele estava perto, faltava pouco para que nossas bocas se encontrassem, mas ele parou.

- Me perdoa.- disse ele me abraçando.

Notei que ele tentava inutilmente segurar o choro, mesmo com todos esses esforços seus soluços escapavam e suas lágrimas molhavam o meu ombro.

Afastei ele, via seu nariz rosado ele evitava olhar para mim, como se assim eu não fosse perceber seu estado, o puxei pelo terno e o beijei, seus lábios endureceram pelo espanto, mas aos poucos ele foi me envolvendo suas mãos passeavam pelas minhas costas até pararem na minha cintura.

Por mais especial que tenha sido nosso primeiro beijo, aquele era diferente, acho que por estarmos a sós ou por eu finalmente entender que ele realmente me ama.

Por ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora