Capítulo 7- Sua Dama, Apaixonada.

236 25 1
                                    

~Ciel~

Estava quase na hora de dormir, terminei o jantar que por sinal estava maravilhoso, eu sei que devia dificultar o trabalho de Clara mas realmente não tinha o que reclamar.

Fui para o meu quarto acompanhado de Clara, ela preparava a cama enquanto eu tomava banho, mas depois me lembrei que seria um pouco difícil de me vestir já que Sebastian não estava e Clara era uma mulher.

Como se ela adivinhasse meus pensamentos pergunta:

- O Senhor está bem? Deseja algo?

- Não, obrigado.

Ela limpou a garganta antes de continuar:

- Quer que eu o ajude a se trocar?

- Essa era a função de Sebastian, mas seria inadequado da minha parte deixar uma mulher me vestir!

- Resolvo isso.- disse ela.

Em seguida ouvi a porta se fechar, vesti a toalha e sai do banheiro. O barulho da porta se abrindo fez a minha respiração parar por um segundo, dei um suspiro aliviado depois que vi Sebastian entrar. Fiquei surpreso e confuso, sem que eu o pedisse nada ele me vestiu como fazia normalmente, tomei coragem e perguntei:

- Sebastian? O que faz aqui?

Essa pergunta vez o sorriso dele aumentar, mesmo assim não respondeu , ele me vestiu e foi embora. Me deitei na cama pensativo.

Os minutos se passavam devagar quase parando, não fazia ideia de que horas eram, já estava implorando para que eu dormisse quando ouço a voz de Clara pelo corredor, ela estava cantando baixo mas de uma maneira totalmente serena, uma música que eu nunca tinha ouvido antes e com um sotaque interessante:

- Se você fechar os olhos, o que você vê?
Consegue ver a luz? Ou a escuridão predomina?
Olhe para suas mãos.
Elas podem curar, ou tem o poder de matar?
Você é um homem, ou um monstro?

Ao ouvir a pergunta em um tom melancólico senti curiosidade de perguntar porquê daquilo, mas de repente um medo tomou conta de mim, um gelo tomou conta das minhas costas enquanto o suor brotava na minha testa. Mesmo assim me levantei, contrariando meus próprios pensamentos me arrisquei a ir até a porta e a abri, com a porta entre aberta eu conseguia ver a silhueta de Clara ao fim do imenso corredor escuro.

Observava ela cantar, sua voz parecia acariciar meus ouvidos embora as palavras fossem assustadoras. De repente outra pessoa se juntou a ela no corredor, era claramente mais alta e com ombros mais largos, por isso supus se tratar de um homem.

- Me acompanharia até a sala?- disse Clara calmamente ao invasor.

Ele fez uma reverencia e lhe estendeu o braço que Clara agarrou encostando a cabeça em seu ombro. Esperei até não ouvir mais seus passos, então escancarei a porta e caminhei na ponta dos pés até a escadaria, embaixo dava para ouvir toda a conversa deles, eu estava tão nervoso que pudia ouvir a minha própria respiração nos meus ouvidos.

- Sente-se, tenho muito a lhe contar.- disse Clara.

- Sou todo ouvidos senhorita- essa voz era familiar, tinha certeza de tê-la ouvido mas não sabia de quem poderia ser.

- Eu espero que tenha feito o que pedi.

- Exatamente como me instruiu.- o homem parece soltar um longo suspiro- Quer mesmo isso?

- Claro, mas não temos muito tempo para nos preparar para a guerra que ...

O homem a interrompe dizendo:

- Não é disso que estou falando, é sobre continuar protegendo essa família, e aquele rapazinho arrogante.

Rapazinho arrogante?! Esse intruso vem se referir a mim dessa forma?!

Antes que eu tomasse qualquer decisão Clara diz:

- O que me mantém aqui é a promessa que fiz a Elizabeth assim que ela me libertou do livro.

- Já sei, já sei, você me contou essa história umas 15 vezes, mesmo assim não respondeu o que perguntei, am - ele parecia buscar as palavras certas- veja, você é uma criatura tão poderosa! Por que se submeter a promessas?

- Peter, traição nunca fez parte de mim!

Peter, o professor de dança de Elizabeth? O que ele fazia ali?!

- Não é isso que os mortais acreditam... - comentou ele.

Mortais? O que eles são? Demônios? Ou ceifadores? Perguntas emergiam na minha cabeça e eu não tinha o menor controle sobre isso, tentei ignora-las e me concentrar na conversa.

- Não me interessa no que eles acreditam ou deixam de acreditar, com tanto que você saiba a verdade...

O homem tomou uma voz repleta de emoção ao dizer:

- Eu sei da verdade e não me importo, sempre estarei aqui com você...

- Sinto muito te arrastar para tudo isso- disse ela claramente tentando conter alguma lágrima.

- Estou aqui por vontade própria, não gosto quando fala como se estivesse me arrastado para o inferno, eu fui sozinho e tomo minhas decisões sozinho, uma delas é permanecer ao seu lado até meu último suspiro.

Aquilo soou como votos de casamento, eles se amavam! E eram dois demônios! Significa que Elizabeth fez um pacto com Clara, que pelo que Peter falou era uma criatura poderosa, ou ele só estava tentando agradar ela.

Tive a curiosidade de saber qual foi o pedido de Elizabeth, no que Clara estava se referindo quando disse guerra?

Isso explica o fato de Lizy estar tão estranha, provavelmente a escuridão de Clara a influenciou de alguma forma, ela era o Sol ardente do meio dia, e agora depois da chegada de Clara, ela estava mais parecida com o Sol da manhã, quente e delicada, com o tempo comecei a nutrir uma admiração imensa pelo sorriso de Elizabeth, ela se tornou a mulher com quem desejo me casar um dia.

Tive que interromper meus pensamentos quando Peter disse:

- Está na minha hora minha querida.

Da escadaria, mesmo abaixado dava para ver os dois se levantarem, ela o acompanhou até a porta esbanjando um sorriso largo, mas antes de sair Peter lhe rouba um beijo e desaparece pela porta.

Corri para o meu quarto, sem a proteção de Sebastian eu estava vulnerável, deitei na cama e fingi dormir serenamente. Como esperado Clara abriu a porta para conferir se eu realmente dormia, e depois de algumas horas pensando em Lizy, fui vencido pelo sono...

Por ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora