Capítulo 4- Sua Dama, Extraordinária

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O Sol invadia lentamente a sala, Clara aos poucos despertava, sentia algo pesado sobre o peito com curiosidade ela abre os olhos se deparando com Peter, era ele que causava o tal desconforto. Assustada ela o empurra, o que faz o pobre rapaz bater a cabeça em uma mesa antes de cair no chão.

- O que fazia?!- pergunta Clara.

- Eu dormia, até você me jogar para fora do sofá e... - Ele para por um minuto analisando a situação, coloca uma das mãos no queixo e com um olhar pervertido completa- Dormimos juntos, abraçados.. Porque eu não acordei primeiro?

Ela se levanta deixando Peter ainda sentado no chão, indo em direção a janela sua voz se torna séria.

- Peter, preciso conversar com você...

Clara é interrompida por batidas, ela vai até a porta, pega na maçaneta e antes de tudo dá um suspiro pesado.

Ao abrir a porta ela se surpreende com Sebastian, Peter percebendo a presença dele anda apressadamente até ficar lado a lado com Clara, ele segura uma parte da saia do vestido preto dela igual a uma criança.

Sebastian o olha com desaprovação, mas logo dirige seu olhar para Clara, depois de fazer um breve suspense ele anuncia:

- Meu mestre convidou a...- sentindo-se incomodado com a situação ele pede- Podemos conversar a sós?

Clara olha para Peter, ele a encarava emburrado, em seu olhar ele estampava um "não", Clara puxou a saia, sorriu.

- Venha comigo até o jardim.- disse ela ao Sebastian.

Peter apenas desaparece com raiva. No jardim os dois caminhavam, e quando estavam longe o suficiente Sebastian se manifesta:

- Vou ser franco com você, não gosto da sua presença, da sua aparência, da sua voz ou até mesmo do seu jeito ousado de ser. Apenas me pergunto o motivo de alguém como você querer um livro tão peculiar.

- Sebastian é apenas um livro- diz Clara em um tom brincalhão tentando disfarçar a desconfiança.

- Não era apenas um livro comum, aquele livro ensina rituais que os mortais jamais devem saber! Ensinam até a invocar o próprio senhor do inferno!

Clara o olha indiferente, depois de respirar fundo ela o repreende dizendo:

- O certo seria conjugar o substantivo no feminino, sendo assim deveria se referir ao ser como Senhora, mas vou deixar essa passar já que Lúcifer é um nome unissex e pelo modo que se referem a ela nas escrituras que os humanos consideram "sagradas" os fazem acreditar durante eras que se tratava de um ser do sexo masculino. Vou te dar um conselho nunca acredite em traduções principalmente de um livro antigo, pois quanto mais velho, mais alterações o conteúdo sofre.

Ele apenas o olha perplexo, depois de analisar todas as informações que acabaram de ser bombardeadas em cima dele, Sebastian pergunta:

- Como você sabe?

- Digamos que tenho uma certa intimidade com ela...

Depois de um silêncio Clara pergunta:

- Mudando de assunto, o que o Conde disse?

- Ah, ele precisa cancelar o encontro que ele marcou com a senhorita Elizabeth nesta noite, ele tem um compromisso inadiável.- disse ele um pouco irritado.

- Entendo, comunicarei minha senhora.

Sebastian se retira indo pelo mesmo caminho que entrou, logo Peter parece em uma nuvem de fumaça que logo se dissipa.

- Você não acha que se expôs demais revelando o gênero de alguém tão importante?- diz Peter receoso.

- Não sei, ele poderá ser um ótimo aliado na procura de Max.

- Ou acabar estragando o plano.- retrucou o moreno.

- Não será um problema, desde que ele não se alie a nenhum mestiço- diz Clara em tom sombrio.

- A senhora está falando dos anjos?!- diz Peter surpreso.

- Sim, eles planejam algo por isso sequestraram meu querido Maximilian!- diz ela fazendo uma voz fofa, justamente com o intuito de provocar Peter.

- "Meu querido Maximilian"- diz ele fazendo uma voz engraçada- tenho certeza de que se fosse ele no meu lugar a senhora não o tinha empurrado!

- Estou só brincando, agora vá! Percorra essa cidade inteira quero que me traga informações. Sebastian não viria aqui cancelar um compromisso tão importante dessa maneira, sem qualquer antecedência.

Ele se curva e desaparece. Ao final da tarde ele retorna com dois envelopes em mãos, ele os entrega nas mãos dela, Clara por sua vez agradece.

~Ciel~

Madame Red me convenceu a utilizar roupas femininas como disfarce, anteriormente a Rainha Vitória pediu para eu investigar quem estava matando prostitutas e retirando o útero. Eu tive que ignorar a parte humilhante e seguir com o plano.

Na minha mente eu estava certo de que encontraria Jack naquela mesma noite, ao entrar na festa tentei me enturmar para que eu passasse despercebido, mas perdi Sebastian de vista, preocupado meus olhos corriam pelo salão. A dança continuava e um alto rapaz pegou a minha mão para dançarmos.

- Você? - perguntou a alta figura surpresa.

Levantei os olhos para que pudesse ver seu rosto, era Clara que estava vestida como um homem, para piorar ela me reconheceu... O que eu faço? Por estar no silêncio ela fala:

- Me visto assim para acompanhar a senhorita Elizabeth, evita que homens maus tentem abusar-lhe.

- Não vejo porque razão fariam isso.- desprezei.

- Não podemos confiar em ninguém senho...

Ao vê-la travar nessa palavra completei:

- Senhorita!

Ela sorriu tentando disfarçar, ela olhou em um canto do salão, seus olhos azuis me mostravam um espanto absurdo, sorrindo delicadamente soltou-me, Sebastian veio e olhava a moça com curiosidade. Todos olhavam atentamente "o homem" que andava elegantemente para o centro do salão, a orquestra parou e um flash de luz inunda o salão, Sebastian automaticamente bloqueia minha visão tapando meus olhos com a mão.

Depois disso fui sequestrado por um maníaco que vendia jovens mulheres como se fossem objetos, fui salvo por Sebastian, mas ainda sim não encontramos o Jack.

Como uma ultima esperança me disfarcei para vigiar uma prostituta em um bairro não muito elegante.

Naquela noite descobri que o mordomo de Madame Red era um Ceifador, ela acabou morta no conflito, olhei de relance para cima do telhado de uma das casas e juro que vi Clara, seus olhos azuis brilhavam como estrelas, ela presenciou tudo, ao ver aqueles olhos fixados em mim meus ossos congelaram, ela sabia que eu tinha percebido sua presença, sorriu em seguida desapareceu...

Por ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora