Capítulo trinta e cinco: A que fim levou Constance Greengrass

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  Draco ainda estava abismado com o que acabara de ouvir. A frase ainda martelava na sua cabeça sem parar. Eu matei a minha mãe. Cada vez que a repetia, parecia mais absurda. Eu matei a minha mãe. Eu matei a minha mãe. Isso era chocante até mesmo para Draco Malfoy, o ex-Comensal da Morte. Quem mataria a própria mãe? E Astória? Nunca, em um milhão de anos, poderia imaginar aquilo.

Ela era boa, doce, fácil de amar. Como poderia ela assassinar Constance Greengrass? Era algo imaginável.

A naja se desmanchava em lágrimas. Cobria o rosto com as duas mãos de tanta vergonha. Draco nunca a viu se desesperar tanto assim. Ele fez a coisa mais sensata no momento. A abraçou.

- Tudo vai ficar bem.

Ela tinha sido forte para ele tantas vezes. Estava na hora de retribuir. Astória tinha a cabeça apoiada no ombro dele, enquanto depositava toda a sua tristeza. Malfoy não abriu a boca uma vez sequer. Como consolaria alguém que havia assassinado sua mãe? Apenas a manteve em seus braços.

Astória ficou chocada com a atitude dele. Imaginou que seria expulsa imediatamente e perderia sua amizade. Mas ele não fez isso.

- Ah, Draco, foi horrível!

- Não precisa falar, se não quiser.

- Mas eu quero! Eu tenho que contar a alguém, se não vou explodir! Eu não aguento mais guardar esse segredo só para mim!

- Pois então me fale.

- Foi no primeiro dia de maio. Filch tinha nos encaminhado até as masmorras. Lembro-me de querer voltar, mas não podia porque estávamos presos e precisava ficar com minha irmã*. Assim que você nos soltou, pedi a Francis para garantir que Daphne fosse levada de qualquer maneira. Eu não poderia ir sem lutar. Ainda consigo ouvir ela me chamando quando percebeu que eu não estava mais lá. Doeu muito, mas eu não poderia retornar. Eu precisava fazer alguma coisa.

*Em HP e Relíquias da Morte – Parte Dois houve uma cena cortada que Filch aprisionou os sonserinos nas masmorras para que morressem. Provavelmente quis se vingar porque era maltratado por eles. Enfim, na cena, Draco os salvou explodindo as barras da prisão.

A voz dela falhou um pouco porque começou a chorar mais intensamente. Draco a abraçou um pouco mais apertado.

- Lutei com um, dois Comensais da Morte até encontrar Richard, o amante animago que Constance pôs em nossa casa. Foi quando a vi depois de tanto tempo. Ela interviu a luta e disse que estava na hora de me dá um castigo definitivo. Ela tentou me matar. Minha mãe tentou me matar! Eu fiquei com tanto medo. Me escondi em uma sala do segundo andar, rezando para Merlin ter misericórdia de mim. Foi quando eu pensei na minha irmã e no meu pai. Eu lutaria por eles, mesmo que perdesse. Saí do meu esconderijo e a enfrentei. A enfrentei como nunca enfrentei alguém. Eu estava vencendo. Constance estava perdendo para mim. Até que...

- Até quê?

- Eu... Usei o feitiço Expelliarmus. Ela foi atirada pela janela.

- Seu bicho-papão.

- Sim. É a janela que Constance foi atirada. Fiquei estática. Não podia acreditar no que tinha acabado de fazer. Richard correu até a janela. Vi em seu olhar o que eu mais temia. Era ódio e tristeza. Ela estava morta. Ele me apontou a varinha e eu nem me mexi. Já tinha aceitado minha sentença. A maldição foi lançada, mas não por ele, por meu pai. Papai chegou a tempo e o matou. Aí tudo virou um borrão. Papai quis me tirar de lá. Mas eu queria morrer naquela batalha porque sabia que a dor seria menor do que essa! Então o teto desabou e...

Astória não conseguiu completar a história e nem precisava. Tudo fazia sentido para Draco. Como ela tinha certeza da morte de Constance naquela vez na pedra, sua reação ao ver a janela do segundo andar. Sem falar do pesadelo que teve. A pobre Astória estava guardando aquele segredo por todos aqueles meses e se torturando por causa disso.

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