Menina Selvagem

Capítulo dezessete: A dúvida

  Draco tomava café da manhã desacompanhado. Havia um grande espaço entre ele e os outros sonserinos. Desenhava algo no caderno. O mar de corujas chegou no Salão Principal. O ex-comensal da morte recebeu uma carta da mãe. Começou a lê-la, mas guardou imediatamente quando viu Greengrass se aproximar

- Oi! – Cumprimentou Astória, sorrindo – Eu posso sentar com você?

- Quer sentar comigo?

- Claro. Por que não sentaria? Eu posso?

Malfoy deu de ombros. A garota tinha o cabelo amarrado em um coque com uma faixa na cabeça com as cores da Sonserina. Usava argolas douradas pequenas. O loiro ainda o look de bad boy. O mauricinho caprichoso tinha desaparecido completamente. Draco tinha decidido parar de tentar afastar Astória porque ganhou seu respeito quando o salvou. E embora quisesse conversar, não sabia como. Suas habilidades comunicativas não eram as mais aprimoradas. Então se concentrou no seu desenho. Só esperava que ela não o achasse mal-educado.

- E aí? Está desenhando o quê?

- Nada de mais.

- Posso ver?

- Não vai gostar.

- Por quê?

Malfoy mostrou o desenho de um coelho morto com os órgãos expostos. Greengrass fez uma careta.

- Nossa É... Um desenho bem detalhado.

- Eu disse.

- Não, eu gostei. Só... Não tem um desenho de algo vivo?

- Tem desenho de moribundos.

- E de algo não ferido?

- Não. Tem anorexia ou bulimia?

- Nenhum dos dois. Por quê?

- Ainda não comeu nada.

- Eu já comi. Como mais cedo porque é mais tranquilo. Olha Francis ali! Francis!

Acenou para o amigo, que procurava um lugar para sentar. Bulstrode franziu o cenho ao vê-la ao lado do monitor-chefe. Foi até eles e sentou ao lado da garota.

- Draco, este é meu amigo Francis. Francis, Draco. – Apresentou – Lembra dele, não é, Francis?

Em questão de segundos, Francis recordou-se das vezes que Malfoy infernizara sua vida quando calouro. As mergulhadas na privada, esconder pertences, por o pé para tropeçar eram um dos modos de feri-lo – isso porque era um puro-sangue sonserino. Só foi deixado em paz quando outros calouros chegaram. Malfoy não se recordava de nada disso porque Bulstrode não passava de mais um pirralho que precisa ser educado, como dizia na época.

- Lembro sim. Oi, Malfoy. – Disse secamente

- Bulstrode.

- Francis é goleiro no time de Quadribol. Aposto que os dois jogariam muito bem juntos. Quando é que vai ser os testes, Francis?

- Daqui alguns dias.

- Draco poderia tentar.

- Você sabe que eu não quero entrar. – Falou Draco educadamente

- Por quê? É tão legal. Não é, Francis?

- É sim.

Obviamente os dois estavam incomodados. Não se deram bem de cara. E Astória tentar fazer com que socializem era estressante. Para a sorte deles, Flora, Hestia, Daphne e Susan se juntaram a eles.

Malfoy estava totalmente desconcertado. Havia desaprendido a conversar graças seus tempos de comensal da morte. Não que os outros solicitassem sua presença. Fingiam que ele não estava ali. Com a exceção de Astória. Ela estava sempre tentando introduzi-lo no assunto.