Capítulo trinta e sete: Os três miseráveis dias

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  Astória tinha passado parte da noite em claro pensando naquele beijo, naquelas mãos firmes e naquele calor que pôs em todo seu corpo. Seu maior desejo era se atirar nos braços de Draco e sair jamais. Por mais que cada célula do seu corpo ansiasse por esse momento, tinha dignidade e orgulho. Não poderia se entregar tão facilmente. 

  Lembrava muito bem dos conselhos que recebeu de sua tia sobre como conquistar um homem, quando exagerada no conhaque. Espere três dias, Astória. Se o homem não tomar uma atitude até lá, tome você, foi uma de suas instruções valiosas. Ela podia ser um pé de cana, mas estava correta. Esperaria três dias. Mas o que era três dias para um bruxo, eram três séculos para ela. Não queria pensar em Draco o tempo todo, apesar de ser bem difícil. Jamais se perdoaria se se tornasse uma bruxinha boba e apaixonada. Por sorte, tinha muito o que fazer para evitar de pensar nele.   

  No primeiro dia, despertou com excelente humor. A jovem estava tão feliz que poderia cantar e dançar nas ruas sem se importar com as consequências. Encontrou Daphne tomando café da manhã sozinha. Lhe deu um beijão na bochecha e sentou ao lado dela. 

- Bom dia, maninha! Como está linda hoje! 

- Eu não vou ao salão há três dias, mas agradeço pelo elogio.  

- Você está linda sempre! Mesmo se usasse roupas da estação passada, estaria adorável! 

- Obrigada, apesar de eu achar impossível.  

 - E papai? Onde está? 

- Creio que vomitando pela décima vez. Passei por lá e estava uma catinga terrível. Teremos que dá uma semana de folga a Pin depois que ele limpar aquele quarto. O coitadinho pode passar mal com aquilo. 

- Pois então dê. Eu acho que todos os elfos-domésticos deveriam ser livres e viver em total harmonia com nós bruxos. Você não acha? 

- É, eu acho. E quando te falei isso, você mandou eu arrumar coisa para fazer da minha vida. 

- Sério? Quando eu disse isso? 

- Quando ponderei em participar daquele clube da Hermione Granger. 

- Ah. ‘tá explicado. Sabe, eu estou começando a achar que tenho sido injusta com ela. Quero dizer, a Granger me ajudou quando eu estava sem grupo. Talvez se eu a conhecesse melhor- 

- Para. Tudo. Ast, manona, você sabe que eu te amo, não é? Sabe que eu faria qualquer coisa por você e te apoiaria em tudo. Mas eu preciso te perguntar: você ‘tá doidona? 

- O quê? 

- Anda cheirando pó? Virou maconheira? Usa drogas? É verdade que muita gente da nossa idade embarca nessa loucura. Mas você não precisa ser uma dessas pessoas. Se não você vai acabar indo para o Azkaban e depois para o inferno. Ou pior, virar pastora. 

- Acho que isso foi bem ofensivo, Daph. 

- Você me entendeu. Você é drogada? 

- Claro que não! Drogas retardam o conhecimento! E eu prefiro morrer do que me tornar uma burra demente!  

- Então por que você está tão alegre e animada? Só falta vomitar arco-íris! Que que ‘tá pegando, manona? 

- Eu... Comecei a viver, Daphne. Eu me lembrei que estudar e trabalhar não são as únicas coisas que eu tenho na vida. Eu sei que essa não é a resposta que você quer, mas é a única que eu posso te dar. Sua irmã começou a viver. E eu vou ficar bem mais feliz se ficar do meu lado. 

- É claro que eu estou do seu lado, Astória! Eu sempre vou ficar!  

- Obrigada. E aí? Onde é que está o vovô? 

Menina SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora