Capítulo onze: A social

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  Era uma manhã tranquila, ninguém poderia discordar. Sua irmã estava no asilo e seu pai tinha ido tratar de negócios d'O Pasquim. Astória lia um bom livro, deitada na rede da varanda. Como estava sozinha em casa, usava uma das camisetas do Sr. Greengrass. O leve vento fazia seus cachos desarrumados levitarem. Brincava com o botão superior da camiseta.

- Minha senhora. – Chamou Pin – Tem visita para minha senhora

- Visita? Não estou esperando ninguém. Deve ser Flora. Ela nunca avisa quando vem. Mande entrar, por favor.

Pin aparatou. A garota marcou a página do livro, pôs os sapatos do pai – que eram enormes em seus pés – e saiu da rede. Foi à cozinha e preencheu uma caneca de café. Tinha herdado o vício pela cafeína do seu pai. Embora Daphne sempre reclamasse pela dosagem que tomava, continuava a ignorando.

- Por aqui, Ginerva Weasley. – Ouviu Pin dizer

- Gina?!

Havia se passado semanas desde o envio da carta. Esperasse que respondesse por um recado escrito ou pela lareira, mas não pessoalmente. Não tinha mandado preparar nada e sua aparência não estava caprichada. Tentou ajeitar a cabeleira indomável, diante do espelho. Não mudou muita coisa.

- Gina! – Exclamou ao vê-la – Oi! Não sabia que vinha!

- Se quiser, posso vir outra hora.

- Não! – Weasley se chocou com seu tom de voz – Precisa. Vou adorar te receber agora. Quer alguma coisa? Chá? Biscoito?

- Chá seria bom.

Sentaram na mesa da varanda, onde proporcionava uma vista incrível do bosque. Pin as serviu. Greengrass encarava a ruiva como uma bonequinha preciosa da vitrine, que desejava muito possuir. Queria reconquistar a amizade de Weasley o mais depressa possível e temia cometer um erro fatal. Enrolava o dedo com suas mechas por causa do nervosismo.

- O chá está bom? – Perguntou a morena – Se não estiver, Pin pode preparar outro.

- Está bom sim. – Respondeu – A vista é bem bonita.

- Obrigada. Papai disse que para termos uma vida nova, temos que ter uma casa nova.

- Soube o que ela fez. Foi bem legal da parte dele.

- Quer se redimir por ter sido arrogante e preconceituoso. Se tornou um verdadeiro filantropo. E ainda tem gente que fala que meu pai só quer fama. Imbecis!

- Que gente idiota! Deviam ter mais pessoas como o seu pai. O mundo seria um lugar bem melhor. Soube que está trabalhando no orfanato.

- Sim. – Abriu um largo sorriso – Estou seguindo o exemplo do meu pai. O pouco para nós pode ser muito para o próximo. É o lema dele.

O sorriso de Astória era doce e puro. Não era forçado e nem perfeito. Era como aqueles sorrisos contagiantes, que sempre acalma as pessoas. A garota sempre sorria quando falava de seus adorados órfãos.

- Dá tanta pena daquelas crianças, Gi. Tão pequenas e tão sofridas. Se pudesse, arranjava pais para todas.

- É de dar pena mesmo. Perder quem mais ama de uma hora para hora por causa de um assassino medíocre, cruel e...

Weasley já estava com os olhos marejados e o corpo tenso. Astória pôs a mão sobre a dela e lhe deu um sorriso meigo. Gina lhe roubou um abraço desesperado, o qual foi correspondido. A camiseta da morena foi molhada pelas lágrimas da ruiva. A rica alisava as costas da amiga.

- Ah, Ast, tem sido tão difícil! Tão difícil! Tento ser forte para a minha família, mas eu não aguento mais! Tudo me faz lembrar ele! Tudo! Eu não suporto mais isso!

Menina SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora