Capítulo 45 - Noivas

691 103 16
                                    

Pov Rafaella

Amanheci mais disposta, porém ainda com raiva. 

O enorme bico que existia em minha face já era quase permanente e desde ontem se fazia presente no local. 

Gizelly não havia mandado nenhum tipo de mensagem e isso só fez com que minha irritação aumentasse mais. 

Eu estava convicta de que tinha razão e não cederia tão facilmente quanto ela pensava. Tudo bem que ela tinha dinheiro e queria me agradar, mas não era justo. 

Não era um jantar ou a entrada para um cinema. 

Não era uma peça de roupa ou uma joia.
 
Tratava-se de um carro. 

Um carro gigantesco e tão luxuoso quanto o seu. O veículo era enorme e devia ter custado uma fortuna. 

Não. 

Eu não queria ser o tipo de pessoa que se aproveita de outros. Eu não queria me aproveitar dela. Eu não queria que ninguém tivesse essa impressão. Eu nunca agi assim, mas já passei por situações bem difíceis principalmente no que diz a este respeito. 

Desde a última vez que encontrei Alice, venho pensando sobre nossa conversa. Aquilo realmente me fez bem. 

Eu estava praticando essa espécie de perdão pessoal e confesso que estava me sentindo melhor. Contudo, em minha mente ainda existiam pensamentos confusos e sentimentos de culpa. 

Talvez ganhar o carro fosse um gatilho. 

Não sei ao certo, mas não encarei o veículo como um presente. Me senti mal pois era como se eu tivesse voltado a usar alguém em troca de favores. 

Embora eu soubesse que isso não era verdade, especialmente nesse caso, preferi manter minha palavra de não aceitar a bendita máquina. 

O toque estridente do meu celular fez com que eu me aproximasse do mesmo, logo aceitando a chamada por voz que Duda me fazia. 

Ligação on

— Rafa, onde você está? - perguntou em um tom afoito. 

— Oi, tô em casa ainda. Porquê? - ainda era cedo e eu nem sequer tinha me arrumado para o trabalho. 

— Porque você não foi ficar com ela? - confesso não ter entendido ao certo a pergunta.

— Ela quem?

— A Gizelly, né. Quem mais seria? - o jeito como preferiu as palavras deixava claro sua impaciência e irritação. 

— Porque eu teria que ficar com ela?

— Porque vocês namoram e, quando as pessoas namoram, é isso o que elas fazem. -  a menor quase berrava ao telefone e eu tive a certeza de que, se estivéssemos cara a cara, sem dúvidas eu apanharia. 

— Duda, eu não estou entendendo. De verdade. - supliquei.

— Ela está doente. - me assustei com suas palavras. 

— O que ela tem? - perguntei espantada com a informação.

— Eu não sei, o que sei é que ela desmarcou um compromisso que teríamos juntas e ela nunca faz isso. Você já a viu faltar algum compromisso? - respondeu falante demais e eu finalmente entendi que não se tratava de irritação, mas de nervosismo com a situação. 

— Ela te disse alguma coisa? 

— Disse que tinha acordado indisposta, mas que ia ficar bem e eu logo estranhei de você não estar com ela. 

O TRATO - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora