O TRATO - Girafa

Capítulo 67 - Momento certo

Dois meses depois

Pov Gizelly

A gente terminou. 

E desde então eu tenho pedido a Deus que todos os meus dias sejam parecidos com nosso último dia feliz. 

Recordei do momento em que a vi corajosa o suficiente para se declarar mesmo sabendo que outra pessoa a encarava por trás da porta. 

Lembro do sorriso sem graça que dei para Fernanda após o pedido de desculpas de Rafaella e de que a empresária foi embora logo em seguida, após ter me incentivado a correr atrás de quem eu queria. 

Não tive coragem de fazer isso. 

Provavelmente estava confusa demais para bater de frente com meus problemas. 

Não duvidem: eu a queria. Queria muito. Amava-a. Amo-a. 

É tão duro bater no peito e bancar a decisão tomada. Não poder ligar depois e dizer: "eu não estava falando sério."

Com ela tudo era tão simples e eu só queria viver naquele tempo-espaço pra sempre. 

Eu só não queria que a minha vida tivesse se tornado assim: vazia e solitária.

— Gi, vim deixar esses documentos pra você assinar. - fui tirada de meus pensamentos pela loira, após sua entrada na sala. 

— Obrigada, Gabi - sorri em resposta. 

— Você ainda não decidiu, né? - seus olhos fitavam o papel em minhas mãos e, através de minha feição indecisa, a mesma poderia deduzir a resposta.

 — Estou pensando…

— Eu acho que você deveria ir. Todo mundo aqui já confirmou a presença, só falta você. Até a Ivy e a Bia vão, mesmo depois do término.  

Aquela era uma questão interessante. As advogadas, já a algum tempo, haviam terminado o breve relacionamento que tiveram, mas principalmente por causa do trabalho, deram um jeito de conviver bem juntas. Eu agradecia por não ter tido grandes problemas com as duas nessa questão. 

— Eu… vou pensar. 

— No quê? - Bia pergunta ao invadir a sala. Já era quase um hábito da mesma fazer tal coisa e nem sempre os horários ou os assuntos eram os mais convenientes.

— Em nada, Bianca! - revirei os olhos. 

— Ela não quer ir na festa da Rafa - cochichou. 

— Gabriela! - vociferei em sua direção. 

— Mas é a verdade… - a loira deu de ombros e sorriu amarelo. 

— Eu não disse que não vou, disse que vou pensar - tentei me justificar. 

— Sério? Depois de tanto ter incentivado ela você vai mesmo deixar de ir justo na formatura? Logo no dia mais importante? - as palavras de Bianca me atingiram em cheio e me fizeram sentir uma espécie de remorso ao pensar perder a ocasião.  

— Eu…

— Tá certo que ela é sua ex mais boazuda e existe um risco muito grande de vocês terem uma recaída porque dá pra ver o quanto você é fraca, mas não é pra tanto também, né Gizelly. 

— Você é ridícula, Andrade - cerrei os olhos para a mesma e tive vontade de voar em sua direção.

— Esse é o melhor que você pode? Já me chamaram de coisas bem piores. - debochou cinicamente. 

— Eu vou te matar! - levantei da cadeira indo de encontro ao seu corpo ciente de que um empurrão forte bastaria para resolver a questão. 

— Olha! A agressividade da gata… - provocou já circulando a mesa da sala de reuniões.