Capítulo 29 - Vou conversar com ela

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Segunda-feira

Pov Rafaella

Se alguém me perguntasse o que rolou no sábado a noite, eu não saberia explicar.

Agradeci aos céus por Gizelly ter saído logo após o beijo. Se ela tivesse resolvido ficar, eu teria cedido a nós e perderia toda a minha postura. Por isso, estava feliz de pelo menos uma de nós ter raciocinado naquele momento. 

No domingo bem cedo voltamos para casa e foi bom descansar sem muitas preocupações.

O objetivo da viagem foi cumprido, a advogada estava feliz com meu trabalho, a palestra repercutia de forma positiva nas mídias e eu ainda tinha minha razão intacta. 

Hoje o dia estava diferente, pois minha sala havia sido consertada e estava pronta novamente para uso. A instalação elétrica foi trocada e alguns equipamentos que foram danificados com o curto também. Era bom trabalhar em um ambiente silencioso de novo. 

Bianca achou ruim e disse que iria sentir minha falta. Ri com seu drama. Não era como se eu estivesse me despedindo da empresa, eu só estava trocando de sala. 

Gizelly e eu não tocamos no assunto “nós” desde que saímos de hotel.

Era óbvio que ainda precisaríamos nos resolver, quer positivamente quer não. Eu continuava a sentir uma certa insegurança todas as vezes que via Fernanda desfilar pelo escritório e hoje não era diferente.

A loira fazia questão de cumprimentar até quem ela não conhecia e as fofocas sobre ela e a capixaba estarem juntas corriam por todos os lados. 

— Eu e Gizelly estamos saindo para almoçar. - disse a empresária ao adentrar em minha sala. 

— Tudo bem. - o que ela queria que eu dissesse?

— Não pense que você vai ficar com ela e atrapalhar o que temos. - seu tom imponente de quem tinha total controle da situação me enraivecia e foi impossível eu não me pôr de pé a fim de refutar a frase. 

— É melhor você ficar calada, Fernanda. - vociferei brava.

Pov Gizelly

Era cedo do dia quando Fernanda resolveu mais uma vez perturbar meu juízo. Ela apareceu no escritório toda falante e, desde então, não saiu de minha sala. 

O pior é que hoje eu estava atarefada.

Parecia que o trabalho de sexta se acumulou e hoje eu teria que fazer tudo em dobro.

Passei a manhã inteira na frente do computador e mantive contato com a mineira apenas pelo ramal. 

Embora as coisas entre nós ainda não estivessem resolvidas, tudo estava tranquilo. Porém, com a chegada de Fernanda essa manhã, eu gostaria de ter tido ao menos algum breve contato visual com Kalimann para saber se continuávamos bem.

Apesar de meu desejo, resolvi não ir até sua sala, pois a empresária estava no meu pé e com certeza me acompanharia. 

A situação com Fernanda me sufocava e não me contive em a convidar para um almoço onde eu exporia meus profundos sentimentos e daria um belo de um basta naquilo. Sim, eu teria que ensaiar palavras bonitas para terminar o relacionamento que eu não tinha com a mulher. 

É melhor você ficar calada, Fernanda.

Foi inevitável ouvir a conversa das duas. Em minha defesa, eu apenas estava passando pelo escritório de Kalimann quando a ouvi altear a voz. 

O engraçado era que todos do lado de fora sabiam quem estava dentro da sala e tentavam disfarçar a curiosidade enquanto me viam ouvir a conversa com a cabeça colada na porta. Se uma delas resolvesse abrí-la, eu estaria ferrada. 

O TRATO - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora