Capítulo 14 - Vai ser bom

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Pov Gizelly 

Assim que o dia amanheceu acordei mas não senti Rafaella na cama. Levantei preocupada por não saber o que tinha acontecido. Eu estava tentando lidar com a situação e não sabia muito bem como agir. 

Quando desci as escadas agradeci aos céus por vê-la ali.

A mineira estava sentada em uma das poltronas da área externa da casa. Como ainda era muito cedo, ela se encolhia na cadeira devido ao clima mais gelado enquanto olhava fixo para o horizonte.

Não posso negar que a vista daqui é estonteante, porém ela não estava olhando a vista. Ela estava naquela espécie de transe em que se olha fixo pra algo mas sem de fato enxergar nada a não ser seus pensamentos.

Faz sentido? 

Eu não sabia se a deixava quieta ou se chegava perto.

Resolvi por me aproximar mas ela não notou minha presença de imediato. Lágrimas silenciosas rolavam por seu rosto e eu quis abraçá-la. 

— Desculpe. Eu não vi quando acordou. - ela virou para me olhar quando ouviu a minha voz logo secando as lágrimas e fingindo ser forte. 

— Não tem problema. Eu só não estava com sono. - disse voltando a olhar para a frente enquanto se encolhia novamente. 

— Tá com frio? Quer que eu busque um casaco? 

— Não. Tá tudo bem. Não precisa, obrigada. 

— Eu posso te abraçar? Eu realmente quero fazer isso desde ontem. - ela apenas sinalizou com a cabeça enquanto continuava chorando. 

Sentei por trás dela na mesma poltrona e a abracei. Ela realmente estava com frio e ao sentir o calor de meu corpo percebi que a mesma ficou mais confortável. Tentei não apertar demais o abraço e ficamos ali um bom tempo.

Tomei a liberdade de encostar minha cabeça levemente em seu pescoço e depositei alguns beijos castos ali enquanto ela parecia não reclamar. 

Quando o sol começou a esquentar entramos para tomar café. Como eu havia dispensado meus funcionários, eu mesma tive que fazer. Para mim não era ruim. Eu realmente gostava de cozinhar só não tinha muito tempo, então sempre via meus empregados como facilitadores. 

— Você tem que ir trabalhar. - ela subitamente lembrou enquanto eu estava de frente ao fogão. 

— Não irei hoje. - dei de ombros.

— Mas o seu júri está perto e você não pode ficar longe do trabalho. 

— Eu passei o caso para outra pessoa. 

— Gizelly…

— Rafaella, tá tudo bem. Eu realmente precisava descansar um pouco. 

— Vai ficar fora por quanto tempo? - ela acompanhava com os olhos o meu movimento pela cozinha. 

— Uma semana? Acho que algo assim. - eu realmente precisava descansar e não via a pausa como algo ruim. 

— Gizelly eu …

— Relaxa, vai ser algo bom. Sem contar que, sendo dona da empresa, eu não trabalho pra eles, eles que trabalham pra mim. 

Após tomarmos café voltamos para a varanda e ficamos conversando amenidades. Eu evitava tocar em qualquer assunto que a pudesse lembrar do ocorrido e estávamos confortáveis assim.

Ouvimos o toque de meu celular e era um número desconhecido que ligava. Rejeitei a ligação. Eu nunca costumava atender ligações sem saber quem era. Apenas as de meus clientes mas estes ligavam diretamente para o escritório e, como eu havia me dado folga, eu tinha certeza de que não seria esse o caso. 

O TRATO - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora