Capítulo 66 - Fernweh

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Passando pra desejar uma boa leitura pra vcs ❤

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Fernweh (origem alemã): o anseio humano de deixar as circunstâncias conhecidas da rotina e abrir-se ao vasto mundo.

Um mês depois

Pov Rafaella

Flashback On

— Então quer dizer que sua pose de durona é só durante o trabalho? Fora dele você não é assim, doutora?

— Nada disso - sorriu fraco de canto - Eu ajo assim sempre que a situação permite, senhorita. Agora me diga: o que faz então no seu tempo livre? - a capixaba questionou interessada.

— Bom, gosto de ir à praia, me exercitar ao ar livre, viajar, mas nunca chorar com filme infantil - provoquei.

— Em minha defesa foi uma vez só e só contei isso pra quebrar o gelo do primeiro encontro. 

— Ah, não sabia que a temperatura aqui estava fria. - me fiz de sonsa e mordi de leve meu  lábio inferior, o que fez seu olhar se voltar para a minha boca. 

— É … - pigarreou desconcertada - mais vinho?

Flashback Off

— Ô, Rafaella! Se fosse pra descansar, ficasse em casa! - me gritou pela milésima vez. 

— Eu já tô indo. 

— Anda! Não tenho o dia todo - gritou de novo e logo ouvi o bendito apito soar. 

Eu estava na minha terceira aula de crossfit e a cada treino sentia que aquilo definitivamente não era pra mim. André, o instrutor, pegava no meu pé o tempo todo e me fazia desejar a morte a cada novo exercício. 

Em minha turma, a maioria das pessoas parecia que tinham nascido já praticando aquilo, enquanto eu mais passava vergonha do que aprendia. 

Eu mencionei que o treino era ao ar livre? Sim. Quem passasse por aquele parque poderia ver aquela desgraça. Ainda por cima eu sempre sentia um olhar de julgamento do pessoal mais velho contra mim. 

De início, Duda e Bianca até tentaram me incentivar. Afinal, me debulhar em lágrimas por vinte e quatro horas não era de muita ajuda. 

Contudo, com o passar do mês e o aumento das minhas reclamações, ambas tiveram a constatação de que aquilo não estava valendo a pena. 

— Bora! Chora no crossfit pra sorrir na praia!

Por Deus! Eu estava pagando pra ganhar bunda e me aconselhar com um coach ao mesmo tempo. Era bom demais pra ser verdade. 

Ainda por cima minha mente constantemente me trazia lembranças de um tempo que eu não tinha mais fé que voltaria. 

Minha terapeuta tinha frisado que fugir dos problemas não era bom, porque eles continuariam ali e sem uma resolução definitiva. 

Embora o namoro tivesse acabado, eu realmente ainda não tinha seguido em frente. Ela deixou claro que aquele era um mecanismo de defesa… fuga da realidade...não se sentir forte e blá blá blá. 

Foda-se! Eu estava tentando e continuaria desse jeito mesmo que odiasse tudo aquilo. 

Era demais pra mim. 

Eu tinha perdido a namorada perfeita no relacionamento mais saudável que já tive. Tinha sido demitida e só Deus sabe o quanto foi difícil conseguir completar as horas em outra empresa. Sem contar no suar frio que foi aquela apresentação de tcc. 

O TRATO - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora