Capítulo 59 - Conflito

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Pov Rafaella

Se alguém me perguntasse como estava meu coração, eu diria que extremamente agitado. 

Desde a última semana, meus compromissos na empresa aumentaram grotescamente. Eu estava cada vez mais dividida entre trabalho, cuidar da casa, faculdade, dar atenção à minha namorada e, por último mas não menos importante, redigir meu trabalho de conclusão de curso. 

Existiam muitas regras que deviam ser seguidas de forma meticulosa e eu até as faria tranquilamente se meu tempo não estivesse contado. 

Rodolffo havia me posto para treinar quatro novos estagiários e eu tinha que observar cada passo dos mesmos na empresa, visto que era muito comum alguém inexperiente fazer bobagens ou gerar custos desnecessários ao realizar alguma função de forma errada. 

Não entendi muito bem o porquê de Beatriz não poder mais fazer isso, visto que a mesma anteriormente tinha me ajudado. Ela era uma das pessoas mais responsáveis do lugar e também possuía enorme competência para qualquer função. 

Contudo, apesar de um pouco contrariada, resolvi que encararia mais um desafio. 

Eu agora também tinha que auxiliar meu chefe em algumas de suas reuniões junto a clientes e aos demais sócios; sempre estando a postos para fazer anotações, pequenos lembretes e tendo documentações necessárias sempre em mãos. Era algo semelhante ao que eu fazia quando trabalhava com a capixaba, porém um pouco mais desgastante. 

A parte boa era poder receber mais. Também, nada mais justo: mais funções, mais salário. Eu só não tive disposição alguma para gastar o bendito dinheiro, mas sabia que este estava em minha conta. 

Pov Gizelly 

Injuriada não seria a palavra certa para definir meus sentimentos em relação à Rafaella, contudo essa era uma das muitas sensações que me rondavam. 

Minha namorada estava cada vez mais distante de mim e eu já estava ficando super preocupada com a situação. 

Não que eu sempre esperasse cem por cento de dedicação. Afinal, eu também não era um exemplo no quesito “sempre estar presente”. 

Só eu sabia o quanto minha família reclamava de meus constantes atrasos, minhas faltas e desculpas. 

Apesar disso, meus parentes estavam a horas de distância e era sempre difícil visitá-los, pois moravam em outro estado do país. Já a mineira, se encontrava a poucos minutos de proximidade e mesmo assim não conseguia arrumar tempo para nos vermos. 

Eu até pensei em ir até Kalimann, mas desisti da ideia pois a mesma realmente tinha coisas para fazer. Talvez se eu aparecesse do nada em sua casa brigaríamos por dois motivos: sua ausência, que estava se tornando constante, e minha presença, que se tornaria inconveniente.  

Definitivamente lhe atrapalhar não estava em meus planos e decidi que esperaria seu convite. 

Eu também entendia que, como a mesma estava na reta final do curso, o esforço teria que ser dobrado. Em minha época de faculdade, era extremamente desgastante passar noites em claro tentando redigir artigos que mais davam um nó em minha mente do que faziam sentido. Se este fosse o caso, Rafa teria que ter mais paciência que o normal. 

Além de tudo, Rodolffo parecia estar decidido a não a deixar em paz por nenhum segundo sequer. 

O homem claramente a sobrecarregou de trabalho apenas para passarem mais tempo juntos e eu confesso estar chateada com a situação. 

Admito que pensei que isso fosse coisa da minha cabeça devido ao ciúme, contudo não achei a resposta certa. Às vezes a nossa intuição nos dá os avisos mais certeiros.      

O TRATO - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora