Capítulo 4 - A gente não combina

935 126 9
                                    

— Então quer dizer que você a convidou para ir na festa do trabalho no sábado? - perguntou a mulher do outro lado da tela de seu celular. 

— Sim.

— Por Deus, Gizelly! Quem vai querer acompanhar você numa festa da empresa? Enlouqueceu? - ela agora ria da amiga. 

— Pra sua informação, ela aceitou. - disse convencida. 

— Aceitou porque foi a única coisa que você propôs. Se aparecer algo mais interessante ela vai desmarcar com você. 

— Talvez. - deu de ombros. 

— Eu não sei porque ainda tento te ajudar a desencalhar. Você parece que não aprende nada.

— Eduarda, você nem é base pra eu me inspirar. - revirou os olhos enquanto a outra ria. 

Não muito distante dali, também por videochamada estavam Pedro e Alice conversando.

—  Terminou de editar suas fotos? - o moreno perguntou curioso. 

—  Sim. Alguém tem que trabalhar pra pagar minhas contas. No caso, eu mesma. - afirmou a loira com enormes olheiras por ter passado a noite de frente a tela do computador. 

— E então, o que temos até agora?

— O quê? Eu e você? Cara, não vai rolar. - disse assustada.

— Quê? - riu alto - perguntei sobre o que temos de informação. 

— Ufa! Eu realmente gosto de mulher. Nem vem.

— Para de ser trouxa. - ele ainda ria da cara de pânico feita por Alice.

— Então, até agora temos um total de vários nadas. Nenhum informação. Não tem foto dela mais pela internet, ela excluiu o perfil. Eu nem sei se ela se chama Rafaella mesmo.

— Foi o mesmo nome que ela usou comigo. - deu de ombros.

A conversa se encerrou em pouco tempo. Eles estavam se acostumando um ao outro e viam naquilo uma possível amizade pois aos poucos perdiam o desconforto que havia entre eles desde a cafeteria. 
Ao contrário dos outros aqui já citados, Rafaella não tinha amigos, nem ninguém para compartilhar suas frustrações, inseguranças, alegrias e esperanças. A única pessoa que a procurava insistentemente por mensagens de texto era Vitor, um ex colega seu de faculdade. 

A mineira sabia que o jovem a queria por perto apenas para servir como uma espécie de troféu, pois sua família sempre o cobrava que assumisse alguém. Na época em que estudaram juntos, ele até havia proposto que fingissem um namoro apenas para agradar seus pais. Porém, a mineira sempre rejeitou a proposta, pois nunca viu vantagem naquilo. Além de que nunca se sentiu atraída romanticamente pelo homem embora o mesmo a achasse linda. Quem não acharia ela linda? 

A semana se seguiu sem muitos percalços e num piscar de olhos havia chegado o dia do segundo encontro. Gizelly havia explicado a mineira que não poderia faltar aquela comemoração, pois haviam ganhado uma causa muito importante na empresa e precisavam comemorar aquilo o mais breve possível. Porém, estava apreensiva com relação ao que esperar por levar alguém que mal conhecia para seu ambiente de trabalho. Além disso, não suportaria ouvir piadas de seus colegas por finalmente estar com alguém. Pensando bem, ela quase estava arrependida de ter convidado a mulher para aquela ocasião. 

Rafaella saiu do banho e avistou em sua cama bagunçada o vestido que a mesma havia previamente separado. Seria algo casual, assim como o que estava acontecendo entre ela e a capixaba. Pelo menos era o que estava acontecendo até então, visto que os planos eram de transformar aquilo em um futuro namoro para só então obter seus ganhos. Pensando bem, não seria roubo se alguém te confiava seus senhas de cartões, segredos de cofres, talões de cheque e afins. Ela se recriminou. Concluiu que estava se tornando tão cruel quanto Erick e esse não era o plano. Ela não queria se parecer com aquele traste. Ela tinha ódio dele. 

O TRATO - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora